quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Oração da mulher (adaptada)

Senhora da Lua, ajude-me a nunca desistir de ser mulher.

Coloque sempre um espelho no meu caminho entre a lavanderia, o supermercado, o sapateiro, o colégio e o trabalho. E que, ao me olhar, eu goste do que veja.

...
Não deixe que eu passe uma semana sem usar um batom vermelho, um salto bem alto ou um jeans bem justo.

Proteja meus cabelos do vento, os brincos e os anéis dos olhares invejosos.

Nunca deixe faltar na minha vida comédias românticas e boas depiladoras.

Deixe que eu feche os registros e as janelas. Mas, por favor, abra algumas portas; nem que seja a do carro!

Se eu estiver com vontade de chorar, faça com que eu chore um dilúvio;e que tenha saído de casa sem pintar o olho. Ou que o rímel seja a prova d'água.

Para cada dia de TPM, dê-me uma vitrine com sapatos lindos! E quiça baratos!

Já que eu nunca pedi milagres, faça que minhas celulites sejam ao menos discretinhas.

Dê-me saúde, tempo livre, um pouco de silêncio e que nunca falte O.B na minha bolsa.
 
Dê forças para eu insistir que meus filhos comam saladas, digam "por favor" e "obrigado", limpem a boca no guardanapo, façam as pazes e puxem a descarga.

Cegue meus olhos para as sujeiras nos cantos e os brinquedos no meio da sala - eles vão estar sempre lá, isso eu já vi. Tape meus ouvidos para as grosserias do marido.

Ajude-me! Mesmo depois de um dia cheio que eu ainda consiga brincar, ver desenho, contar história, fazer cosquinha, pintar dentro da linha preta; Ou fazer só uma dessas coisas.

E se eu não tiver a menor condição de me manter em pé, faça com que meus filhos cheguem dormindo da escola. Ou que o marido chegue de bom humor.

Em dias difíceis, me dê persistência para seguir na dieta.

Faça com que eu não esqueça de ligar para meus pais e meus amigos. E que eles tenham paciência comigo.

Dê firmeza para os meus seios e nádegas, e para a hora do castigo.

Não deixe que a minha testa fique tão franzida a ponto de parecer uma saia plissada. E eu, uma louca estressada!

Faça com que o sol seja o meu "personal trainer", meu complexo de
vitaminas, meu melhor corretivo, meu carregador de bateria - mas quando eu pedir um diazinho de chuva, não me pergunte o porquê.

Para cada batata quente na minha vida,me dê um café recém-passado.

Entenda quando eu oro para cancelarem uma reunião - não é gastar oração à toa, pode ter certeza.

No meio de tudo isso, faça com que eu ache tempo para virar ' namorada ' de novo, ir ao cinema, jantar fora, beijar na boca, dormir abraçadinha.

Ilumine o espelho do banheiro e proteja minhas pinças, minha prancha ,meus cremes e segredos.

Ajude a não faltar gasolina, não furar o pneu, não arranhar a calota. Afaste os motoqueiros do meu retrovisor.

Senhor, por pior que seja o meu dia, faça com que ele termine, e não eu.

Amém

(autora desconhecida)
Texto adaptado.
 
 

domingo, 19 de junho de 2011

Poemas - Aborto e Férias de Mim

Aborto

Enfim o dia amanheceu
E com ele meus medos do escuro puderam se esconder
Enfim o dia amanheceu
E com ele minha vida vazia e sem sentido é exposta, descarnada e refletida (tragédia)
Quisera o dia não amanhecer
Seria ele somente o passar dos minutos e segundos?
Quisera o dia não amanhecer
Ficaria eu aqui sozinha
Ouvindo passos e sussuros do que é e do que nunca foi
Sobreviveria eu ao escuro?
Seria eu capaz de estúpido aborto?
Impedir o sol de nascer ...
Talvez seria. Sim, seria sim.
Eu no escuro ao menos sou alguém.
Um espirito encarnado espiritualizado
Ouvindo sussuros em latim.
Os hormônios me mandam sair da cama
Mas a lembrança do medo ainda me amedronta
Ainda bem que é dia.
Estalos e sussurros já não dizem nada.
Emudeceram.
É minha vez agora ...
De assombrar o dia.




Férias de mim

Férias de mim
Minha alma antiga
Expansiva
Que já não cabe nem pertence mais em mim
Endorfina
Anestesia meu corpo
Minha alma
Assim o verdadeiro eu pode vagar
Como espirito luminoso e obscuro que é
Paradoxo
Que procura outras almas antigas
que nem o Tempo as lembra
Alma que torce pelo não despertar do corpo
Seria o eu dois seres???
Eu sou uma no corpo.
Eu sou uma na alma.
Diferença.
Polissemia
A involução do acordar.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Sexualidade e a Wicca Moderna

Sexualidade e a Wicca Moderna
[Ainda é o texto do Grimassi]

Muitos Wiccanos que ainda desejam empregar a energia sexual, mas que por qualquer motivo desejam evitar o ato sexual real, incorporaram aspectos não-físicos da sexualidade em seus ritos. Isso pode incluir de tudo, desde danças provocantes e sedutoras a versos eróticos e linguagem e comportamentos sugestivos. Esses elementos, num cenário ritual, podem certamente evocar forte correntes sexuais.
Como vimos no capítulo dez, alguns Wiccanos empregam instrumentos rituais para substituir os participantes humanos em atos sexuais. O uso e o manuseio dos instrumentos que representam o falo ou a vagina/ útero visam gerar as energias sexuais através da magia mimética e efetuar as conexões simbólicas com os aspectos da fertilidadeque outrora fortaleciam os antigos rituais. Alguns Wiccanos acham que isso serve muito bem a seus propósitos, enquanto outros sentem uma evidente falta de força associada a esses atos simbólicos. [Só vejo motivo pra não fazer sexo ritual quando o ritual é público.]
Em tempos longínquos, a união sexual era parte do processo de iniciação, e o poder era transmitido do mestre ao aprendiz através das correntes bioeletromagnéticas geradas pelo estímulo sexual entre os sexos/ polaridades opostos. Iniciações sexuais funcionais e benéficas remontam à Antigüidade, e ainda podem ser encontradas em práticas tribais na África e na América do Sul. Ainda são utilizadas na maioria das Tradições Hereditárias e Familiares. Especialmente quando o homem é o mestre de uma mulher, muitas mulheres Wiccanas vêem a iniciação sexual como abusiva e manipulativa. No entanto, a presença de homens em quaisquer iniciações sexuais que envolvam mulheres pode negar a validade do rito [#Heim?]. Essa visão se origina claramente do comportamento sexualmente abusivo contra mulheres perpetrado por alguns homens. Esse pode não ser o caso, pois os homens Wiccanos tradiconalmente demonstram grande respeito pelas mulheres.
A sexualidade, como muitas outras coisas na Wicca, é um aspecto que os Wiccanos devem examinar individualmente para chegar às suas próprias conclusões. O que é bom para uma pessoa pode não ser necessariamente bom para outra. Assim, permito ao leitor que avalie os ensinamentos desse capítulo como seu espírito desejar.

Por Nadia Bertolini

quarta-feira, 15 de junho de 2011

ECLIPSE LUNAR E A ÁGUA DO TROVÃO

Aproveitando que hoje aconteceu um eclipse lunar vou falar um pouco sobre ele.

O eclipse é visto basicamente de duas maneiras na Magia:
- Beneficamente
- Maleficamente

Alguns magistas defendem que este não é um bom momento para se fazer qualquer ato mágicko. Qualquer ato mágicko mesmo. Por quê? Devido a oscilação das energias. Durante os eclipses solares e lunares as redes de força encontram-se em dificuldade, anulando assim o ato mágicko. Isso, na pior das hipóteses. Com essa bagunça toda, anulação do ato mágicko é o de menos.
E também existe um certo mito histórico:
Existem fontes que advertem a realização de ritos mágickos em dias ou noites onde ocorrem eclipses.
Historicamente os eclipses precederam pragas como a Peste Negra, assassinatos como o de Nero, e guerras como a 1ª Guerra Mundial. Dessa forma passou a ter um caráter negativo, sendo temido em diversas culturas.

Há quem encare de forma diferente, ai vai de cada um.
Já outros magistas defendem que este é um momento de muito poder. Um momento para trabalhar com o nosso emocional, com o nosso psíquico. Meditar. Fazer feitiços de proteção, de transmutação, transformação. Eis a palavra chave: transformação.

Existe também a possibilidade de se fazer uma água lunarizada chamada de ÁGUA DO TROVÃO.
Que é a água lunarizada com a energia e "luz" do eclipse.

"Muitas pessoas que praticam magia acreditam que o eclipse seja um sinal de mudança e possa representar um momento decisivo na nossa vida. Existe a suposição de que o eclipse solar afere mais os eventos externos e o eclipse lunar, o nosso mundo interior, mexendo com as nossas emoções e mudando o que existe dentro de nós. O truque para trabalhar com o eclipse e o seguinte:

* Planeje antecipadamente o que você quer mudar na sua vida.
* Comece o trabalho de magia dez minutos antes do eclipse e continue a trabalhar enquanto ele ocorre, ate que tenha terminado. A chave é captar a energia do eclipse e puxar essa energia para o seu trabalho, enquanto o eclipse estiver em curso."

Água do Trovão

Algures Bruxos esperam ansiosamente pelo eclipse lunar para poder fazer a “Água do Trovão”— um tipo de água benta que pode expulsar qualquer roda negativa com muita eficiência.

Você precisará de:

* Um almanaque (para que possa saber com precisão a data dos eclipses)

* 1/4 de uma colher de chá de sal

* Uma garrafa pequena de água mineral

* Um espelhinho

Pua fizer este encantamento, você precisará ver q eclipse. Dez minutos antes dele, arrume seus ingredientes num local onde possa ver a Lua (ao ar livre, de preferência). Cinco minutos antes, comece a entoar (ou sussurrar) uma sucessão de palavras criada por você. Por exemplo: Lua, Magia, Poder, Proteção...

Continue a repetir as palavras. Acrescente o sal a garrafa de água. Visualize a garrafa brilhando como se a água se tingisse com uma luz branco-azulada. Quando a Lua escurecer, segure espelho de modo que ele capte o reflexo da Lua e fique inclinado na direção da garrafa. Isso talvez exija alguns ajustes, por isso tenha a certeza que você terá tempo suficiente.

Concentre-se na água enquanto o eclipse ocorre, sem parar de entoar as palavras mágicas, Continue a repeti-las por pelo menos cinco minutos. Quando sentir que basta, diga:

“Meu Senhor e Minha Senhora, abençoem esta água. Que assim seja!”

Tampe a garrafa e guarde-a num local seguro. A Água do Trovão pode ser usada para borrifar a porta da sua casa e afastar a negatividade dos que entram por ela, ou para borrifar os objetos que você não quer jogar fora, mas que lhe foram dados por alguém de quem você ê não gosta (para retirar as energias negativas). "
Texto retirado do livro Kit de Magia Para Jovens de Silver Raven Wolf.


Particularmente eu uso esse momento do eclipse para meditar.




Magia Sexual e Fluidos Corporais

Magia Sexual e Fluidos Corporais

Com fins mágicos, a estimulação sexual produz tanto energia e condensadores líquidos carregados, ambos os quais podem ser empregados para um dado objetivo. O sêmen masculino é energia canalizada e sempre se move rumo à manifestação física (seja ao penetrar no útero ou em qualquer outro recipiente). No caso de felação, masturbação ou sodomia, a energia é absorvida por um dos planos e vitaliza as entidades que nele habitam. Essas entidades podem ser formas-pensamento ou seres preexistentes.
Quando a conclusão normal de um ato sexual é evitada, a descarga de energia é absorvida e forma na mente uma imagem astral da imagem mental no momento
do orgasmo. Essa imagem ganha vida e é um elo funcional entre a mente subconsciente e o plano astral. A encarnação dessas imagens é um dos objetivos da magia sexual. Outro objetivo é gerar uma forma de poder na base da espinha. Nessa área reside a Kundalini ou Poder da Serpente, oprimido por séculos pela Igreja cristã. O objetivo é levar essa energia à terceira visão, onde consentirá ao indivíduo poder quase ilimitado. Esse sistema de magia sexual é conhecido como Tantra.
Existem duas correntes (ou canais) de energia na entidade humana [na verdade, tem uma terceira, que passa pelo meio]. Essas correntes estão associadas ao sistema nervoso central e à medula espinhal. Podemos nos referir a essas correntes como Lunar e Solar, ou Feminina e Masculina (receptiva/ negativa e ativa/ positiva) [ele se refere a “positivo” e “negativo” no mesmo sentido que os pólos de uma bateria, e não no sentido que essas palavras são comunemente usadas]. Essas polaridades indicam energias bioeletromagnéticas e não se referem aos sexos. As correntes Lunar e Solar se manifestam no corpo como os ramos esquerdo e direito das estruturas nervosas dos gânglios. O lado esquerdo é feminino/ lunar e o direito é masculino/ solar. Infelizmente, por séculos a sexualidade tem evocado sentimentos de culpa e vergonha, graças em grande parte à moralidade judaico-cristã. Essa mentalidade serviu para negar (na maioria das pessoas) a função natural das correntes lunar e solar. Uma das metas da magia sexual é libertar a expressão da sexualidade dos sentimentos inibitórios e negativos. Uma vez atingida essa meta, pode-se restaurar a harmonia dessas correntes.
Na pessoa comum, atualmente, apenas uma das correntes de energia está aberta e fluindo. A contra-corrente está normalmente inibida e suprimida, gerando desarmonia (des-conforto) no corpo físico. Isso também causa uma influência negativa no equilíbrio endócrino. Na mulher não-treinada, apenas a corrente lunar flui desimpedida, e no homem não-treinado apenas a corrente solar está realmente livre. No caso dos homossexuais, essa situação está invertida. O fluxo harmonioso das correntes no corpo é simbolizado pelo antigo símbolo do Caduceu. Esse estado natural elimina a desermonia (des-conforto) no corpo, e é por isso que o Caduceu representa a saúde em nossa sociedade atual.
Nos Ensinamentos dos Mistérios, o estado sexual natural é o da bissexualidade, em que ambas as correntes fluem juntas e em harmonia. A alma que habita o corpo físico não é masculina nem feminina, portanto nosso sexo é meramente uma circunstância da dimensão física. A atitude que demonstramos acerca da polaridade dos sexos na qual nossas almas residem é moldada em grande parte pelo nosso meio social. Devemos ter em mente, no entanto, que o sexo também pode ser uma manifestação do Karma da alma individual.
Continua ...
A Criança Mágica
[Ainda é o texto do Grimassi]

A criança mágica é um termo utilizado na magia sexual para designar uma forma ou imagem mágica. Esse aspecto da magia sexual envolve a inibição do orgasmo por períodos prolongados, permitindo que imagens mentais/ astrais intensificadas tomem forma. A energia sexual não é TERRADA como no ato sexual corriqueiro, mas sim direcionada pela mente para que se manifeste numa forma-pensamento mágica. A energia canalizada forma uma imagem astral sutil do conceito dominante na mente no momento do orgasmo.
O sêmen ejaculado do homem é energia não-absorvida, concentrada (uma carga fixa). Ela se move sempre rumo à criação de uma forma manifesta, pois é a essência da energia criativa. Isso se aplica ao sêmen depositado numa vagina ou em qualquer outro recipiente. Quando o sêmen penetra no útero, ele está centrado numa manifestação física. Sua influência mágica no plano astral é anulada. Quando o sêmen não é recebido por um útero (masturbação, sexo oral ou sodomia), sua energia é drenada por entidades que existem nos planos astrais.
As secreções vaginais são fluidos igualmente valiosos para fins de magia sexual. Contêm secreções das glândulas endócrinas que estão
carregadas pelas correntes lunar e solar ativadas sexualmente. Essas secreções possuem elementos do fluido cérebro-espinhal e das glândulas endócrinas. As trilhas nervosas associadas ao funcionamento da bexiga através do terceiro ventrículo podem iniciar várias secreções. Uma vez ativadas, essas correntes fluindo para a área genital estimulam nervos, os quais causam reações em todo o corpo. As glândulas pituitária e pineal são estimuladas, assim como os nervos que afetam a urina. A energia das secreções vaginais carrega (em diversos graus) um pouco de cada um desses aspectos. Os fluidos vaginais podem ser utilizados de modo semelhante ao sêmen, ou a ele misturados com finalidades mágicas.
[Sete símbolos aparecem no livro:
* Um labrys, machado duplo, com a legenda “símbolo de renovação e transformação”
* Uma flor, “símbolo da Donzela”
* Uma maçã, “símbolo da Mãe”
* Duas espirais, posicionadas )( “espirais: morte e renovação”
* Um desenho que parece uma barra de chocolate na diagonal “rede: símbolo do “tornar-se”, surgir”
* Algo que parece um M “símbolo dos fluidos corporais das mulheres: leite, sangue e secreção vaginal”
* Um ziguezague na diagonal “vida e nascimento: o poder de doar”
Sob tudo isso, há a legenda “Símbolos Femininos”]
O estado mental da consciência estabelecido durante a magia sexual forma um PORTAL para o subconsciente e, portanto, ao plano astral. Imagens ou conceitos visualizados (e/ ou sigilados) são vitalizados e se tornam “vivos” (fortalecidos). É fundamental que o praticante tenha desenvolvido a arte da concentração/ visualização e que tenha um controle firme sobre a sua força de vontade pessoal. Não pode haver nada mais na mente no momento do orgasmo além da imagem (ou sigilo) da “criança” que se deseja ver criada. Se a imagem mental não estiver completa ou for distorcida por interrupções da imaginação mental, é possível que formas-pensamento muito negativas se manifestem. O perigo inerente nessa situação é que essas formas-pensamento passem a possuir seu criador e aumentem o seu apetite sexual. Em tais eventos, o indivíduo pode ficar obcecado por sexo, pois a entidade exige mais e mais energia sexual para que se alimente. Essa é a base da lenda dos íncubos e súcubos.

terça-feira, 14 de junho de 2011

A Mulher Como Altar Sagrado

A Mulher Como Altar Sagrado
(Grimassi)

No texto do Grande Rito, vemos que os antigos empregavam o corpo de uma mulher como altar sagrado de suas cerimônias religiosas:

“Ajude-me a erguer o antigo altar,
No qual em tempos antigos todos cultuavam;
O grande altar de todas as coisas.
Pois em tempos remotos, a mulher era esse altar.”

É plenamente natural e lógico que uma sociedade matrifocal visse as formas femininas como sagradas, e as empregassem como foco para ritos religiosos e de magia. O próprio altar vivo possuía a habilidade de dar à lua e de alimentar uma nova vida. O sangue menstrual, chamado de sangue da Lua, era utilizado como marcas rituais em cerimônias de iniciação e ritos que visavam atrair as almas de um clã, dos mortos de volta a seu clã. [Isso é feito na Stregheria.]
O conceito da mescla de sangue, como no ritual dos índios americanos do irmão de sangue, remonta aos tempos antigos. Unir seu sangue ao de outro para sempre criava um vínculo entre os dois. Assim sendo, a Suma Sacerdotisa do clã podia unir as almas de todos os membros através de seu sangue menstrual. Graças às influências indo-européias, o vinho ritual é visto hoje em dia como o Sangue do Deus. Em suas mais remotas associações, ele era o Sangue da Deusa, onde o vinho continha três gotas de sangue menstrual que unia magicamente os celebrantes nesta vida e na vida. Os caçadores e guerreiros eram geralmente ungidos com pinturas rituais que continham sangue menstrual caso fossem mortos fora da aldeia. Ungir os mortos com o sangue da Lua era assegurar o seu retorno à vida. Na encarnação seguinte, eles se encontrariam novamente e renovariam o seu amor.
O triângulo ou pirâmide é um símbolo sagrado associado à anatomia feminina. Reflete não apenas a área púbica, mas representa também os mamilos e o clitóris, que estão ligados por trilhas neurais. Há ainda um traço neuropsicológico ligando os mamilos à glândula pituitária. O estímulo dos mamilos pode fazer com que a glândula pituitária secrete um hormônio que ativa as contrações uterinas. Isso, por sua vez, ativa o fluxo de certos fluidos contendo vários elementos de secreções glandulares. Na Tradição dos Mistérios Wiccana, o Triângulo Mágico da Manifestação é invocado pelo Sumo Sacerdote, que beija os mamilos e o clitóris da Suma Sacerdotisa durante o rito da Atração da Lua. Esse rito do triângulo também é praticado durante o Grande Rito. Algumas tradições se envergonham dessa antiga prática e empregam uma visão moderna da invocação onde os beijos são dados nos pés, joelhos, umbigo, seios e boca. [Todos os pontos a serem beijados que foram citados aqui são chakras. Se você se lembra do que eu disse no tópico “O Básico”, temos pelo menos 21 chakras.]
O altar sagrado é formado por uma mulher escolhida que se deita de costas [ou seja, de barriga pra cima], nua, com as pernas dobradas e afastadas (os calcanhares tocando, ou quase, as nádegas). Um vaso ou cálice é colocado diretamente sobre seu umbigo, ligando o vaso ao cordão umbilical etéreo da Deusa, a qual é invocada em seu corpo. Derrama-se o vinho sobre o vaso ou cálice, enquanto a mulher-altar segura esse vaso. O Sumo Sacerdote então mergulha os dedos no vaso e unta os mamilos e o clitóris da mulher com três gotas de vinho em cada. A isso segue-se um beijo em cada ponto, enquanto a invocação é recitada. Quando praticado com reverência, esse rito é muito belo.

Massagem Psíquica
[Ainda é o texto do Grimassi]

Na Magia Sexual, a arte de criar cargas bioeletromagnéticas para estimular e ativar vários centros psíquicos do corpo é chamada de massagem psíquica. Recebeu esse nome por fortalecer os chakras onde as habilidades psíquicas são geradas e mantidas. Durante a massagem psíquica, correntes ódicas são transmitidas através de cada chakra, do mesmo modo que isso ocorre na arte da informação (ver capítulo nove). Ao combinar a respiração ódica com passes magnéticos, a massagem psíquica também se torna etérea. Portanto, tanto o corpo astral como o físico são renovados e revigorados.
Na terminologia do oculto, a mão esquerda é magnética e a mão direita é elétrica [em canhotos é o contrário]; quando próximas uma da outra, criam um fluxo de energia entre si. Essa energia pode ser usada para remendar ou fortalecer áreas enfraquecidas na aura do corpo. Pode também ser usada para restaurar os chakras e restaurar o suave fluxo de energia entre cada um deles. Isso é obtido através de massagens ao longo das áreas que ligam os chakras e várias trilhas nervosas.
A massagem se inicia na testa, movendo-se para baixo em direção aos pés e retornando para cima a seguir. Em cada chakra, a zona é massageada num padrão espiral [só pra lembrar, o chakra da área genital de uma mulher move-se no sentido anti-horário]. Os mamilos e genitais são suavemente massageados quando as mãos passam pela zona dos chakras dessas áreas. As terminações nervosas que ligam o triângulo (mamilos e genitais) levam impulsos à terceira visão, ao coração e ao Chakra Básico, ativando uma poderosíssima corrente oculta que fortalece os chakras e a aura. Em algumas tradições Wiccanas, isso pode ser feito como prelúdio à iniciação do segundo grau (quando geralmente o poder é pela primeira vez transmitido ao iniciado).

Continua ...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

MAGIA SEXUAL (parte I)

Tire as crianças e os Pinks da sala. O assunto não é para menores.
Só pra lembrar, a Magia Sexual, na Wicca e na Witchcraft, é sempre praticada no maior respeito, e ninguém é coagido a fazer nada.
O controle dos próprios pensamentos, durante essa prática, precisa ser tão grande que quase não se tem prazer com isso. Até porque a energia é desviada para a “magic child”. Se quer ter prazer, sugiro que deixe a Magia Sexual de lado e vá direto ao Kama Sutra. Pra ser Bruxo, é preciso ter profissionalismo.
As Bruxas da Witchcraft costumam ver a Magia Sexual como “uma forma de unir o útil ao agradável”_ nem mais, nem menos do que isso. A Magia Sexual é encarada, na Witchcraft, com a mesma naturalidade que comer uma fatia de bolo. E sem preocupação com as calorias.
Eu teria várias coisas a acrescentar e vários comentários a fazer, mas não vou falar nada, porque não quero me comprometer...

Fonte: Raven Grimassi, “Os Mistérios Wiccanos”

“A Bruxaria não deve desculpas por envolver magia sexual. São as outras religiões que devem desculpas pela miséria da repressão puritana que impingiram à humanidade.”_ Doreen Valiente, “Witchcraft for Tomorrow”.
Imagine por um momento um casal sentado à mesa para um íntimo jantar a dois. Sobre a mesa, velas acesas e um pequeno vaso como adorno para a cena. Ouve-se música ao fundo e o vinho é derramado em taças. Esses são elementos familiares que associamos ao amor e à sexualidade. É interessante observar que eles também são associados aos rituais Wiccanos. Vemos aqui que ambas as cenas são, na verdade, atos de reverência ao Feminino. O vinho e as flores são oferendas tradicionais à Deusa. A luz de velas revela que a cena é especial e mágica, não é dia nem noite, claro ou escuro. O momento é sagrado, isolado das preocupações da vida cotidiana.
Para compreendermos a função da sexualidade na Velha Religião, devemos nos afastar de nossa visão moderna e de nossos preceitos pessoais por alguns momentos. Devemos retornar a um período no qual a comunidade via o sexo como
saudável, natural e desejável. Era uma época na qual os homens não eram menosprezados por seus impulsos sexuais e sua orientação visual à sexualidade. As mulheres não eram degradadas por seus desejos sexuais ou por sua sensualidade; o conceito moral judaico-cristão da prostituta ainda não havia se desenvolvido. Prostitutas sagradas serviam aos deuses em templos sagrados, o homossexualismo e o heterossexualismo nada mais eram do que definições de preferência sexual (como na Grécia Antiga).
A Velha Religião da Europa pré-cristã baseava-se em ritos de fertilidade para assegurar a proliferação de animais, plantas e humanos. Um dos aspectos mais controversos da Wicca atualmente gira em torno do tema da utilização de atividades sexuais em rituais ou magia. Algumas Tradições Wiccanas não incorporam elementos sexuais em suas práticas (ou crenças) em parte por causa de abordagens pessoais, inibições e diversas preocupações com a saúde. A pressão social de viver numa cultura judaico-cristã também fez com que algumas tradições omitissem os elementos sexuais para negar as alegações de muitas igrejas cristãs de que as Bruxas participavam de orgias e práticas sexuais pervertidas. Para não ofender a sensibilidade judaico-cristã, muitos Wiccanos comprometem o Antigo Caminho [no sentido de debilitar, enfraquecer o Antigo Caminho] ao criar representações simbólicas dos antigos aspectos da fertilidade na Bruxaria.
Em tempos remotos, a energia sexual era a mais poderosa energia que os humanos podiam experimentar através de seus próprios sentidos físicos. A habilidade aparentemente mágica dessa energia de criar outros humanos deve ter tido um efeito profundo sobre a psique dos antigos. Na Tradição dos Mistérios, esse aspecto da magia envolve o uso de energia sexual como fonte de poder. O conceito pagão da atividade sexual é totalmente diferente do conceito judaico-cristão. O sexo é visto como uma experiência natural e prazerosa. Pode ser parte da expressão amorosa de um indivíduo ou simplesmente o compartilhar de prazer e desejo com outra pessoa. Com fins rituais de magia, ele pode simplesmente ser a fonte de energia que fortalece os ritos.
 
 
... CONTINUA ...
 
 
Texto by Nadia Bertolini


 

domingo, 12 de junho de 2011

Dia dos Namorados x Feitiços de Amor

Inspirada pela data de hoje: 12 de junho de 2011 – dia dos namorados, resolvi criar este post.
Verdade seja dita! Não foi o Dia dos Namorados em si que me inspirou, mas as dezenas de e-mails e posts que li a respeito dessa data. Postagens pagãs, não pagãs e etc.
As pessoas devem ser lembradas que o Dia dos Namorados foi criado pela Associação Comercial. Para quê? Para divulgar o amor? Não! Somente pelo vil metal. Somente pelos lucros. Sim, pelos lucros. Também acho que os Motéis votaram a favor da criação desse dia. Encontrar um bom motel disponível nesse dia ou nessa noite é sorte das grandes.
Tudo bem, fica difícil ficar inerte ao meio. Afinal, pelo menos 70% das pessoas que você conhece comentam, comentaram ou comentarão sobre o dia de hoje. Mas ficar deprimido porque não se tem ninguém nesse dia é bobagem. Tanta gente tem alguém ... e vive tão infeliz.
Afinal, seria o AMOR a panaceia ideal? O remédio para todos os males?
Vejo pessoas tentando se enganar. Estão com outras pessoas apenas para não ficarem sozinhas. Isso é errado? Eu não acho. Errado é se enganar e enganar a outra pessoa. Isso sim. Mas se ambas estão de acordo, sem problemas.
Não vou ficar conceituando amor. O que é amor? Como deve ser o amor? Isso deixo para cada um.
Recebo semanalmente muitos e-mails e recados pedindo conselhos amorosos. Rituais, simpatias, feitiços de amor. Como conquistar fulano? Como atrair ciclano? Como atrair o amor? Como ser amada? Pessoas por vezes desesperadas, confusas ... querendo um feitiço a lá “fast food” ...
É errado pedir isso ao Universo? É errado pedir isso aos Deuses?
Eu não acho. E deixo essa questão aberta para que você tire/tenha suas próprias conclusões.
Entretando uma coisa deve ser dita: cuidado com o que pede pois poderá receber.
O Universo, os Deuses têm um senso de humor muito peculiar. Ou será que somos nós que não sabemos pedir? Ou não sabemos o que pedir?
Fiquei sabendo de vários casos desastrosos de feitiços “mal pedidos” ou “bem atendidos” (leia atendidos literalmente).
Uma bruxa pediu o melhor homem que o Universo podia oferecer a ela. E obteve. Mas era anão. E aliás, apareceram outros, mas todos menores do que ela.
Outra bruxa pediu uma pessoa com determinados atributos. Fiel, inteligente, com corpão sarado, saudável, fiel, carinhoso, higiênico, vegetariano. O Universo atendeu. Mas mandou uma outra mulher com essas qualidades. Afinal, a bruxa não especificou bem especificado que queria um homem. Só falou que queria uma pessoa.
Outra história de outra bruxa que pediu um amor devotado, que fosse devotado a somente ela, que fosse fiel, e atendesse ao chamado dela quando ela o chamasse. Um dia apareceu um cachorro na casa dela com essas qualidades. E não era um amor?
Tem ainda outra história da bruxa que estava juntando dinheiro pra comprar o carro do vizinho: um diplomata preto. Resolveu ajudar o destino fazendo um ritual que a aproximava do Diplomata preto. Após 3 meses ela conheceu um Diplomata que era negro. Casaram e tiveram 2 filhos. Nesse caso, ela foi beneficiada pelo “senso de humor” dos Deuses.
Simplesmente pedir a pessoa certa para você também não é a melhor opção. Já que opiniões podem ser conflituosas. Vai que o Universo tem uma ideia estranha do que seja uma pessoa ideal para você? Eu não arriscaria.
Fazer um pedido simplesmente pedindo “iluminação”? Vai que você ganha um abajur! ?
Pede para os Deuses que te livrem do materialismo? Daí você vira um franciscano ou um mendigo hare-krishnna.
Faz a burrice de pedir aprendizado. Daí é dar carta branca aos Deuses, ao Universo para que te deem porrada. Te ensinam paciência quebrando seu carro num momento que não poderia ficar sem ele ou chegar atrasado. Te ensinam a ser menos vaidoso fazendo seus cabelos cairem. Ou uma bolota de óleo quente espirrar no seu rosto enquanto frita um ovo. São quase infinitas as possibildiades. Que em sua maioria provocarão aprendizados que não serão nada agradáveis a princípio.
Uma bruxa conhecida pediu renovação, que a Deusa a renovasse. Que o sangue dela renovasse. Essa bruxa teve uma séria hemorragia. Pois é. Para novo entrar precisamos retirar o velho. Não é esse o ditado?
Um amigo meu fez vários feitiços de prosperidade. Ele queria que dinheiro entrasse na casa dele. Para ele poder comprar um video game. Mas seu pai não tinha dinheiro. Ele enfatizou os feitiços. Deu prazo e tudo. Sabe o que o Universo fez? Fez o pai dele ser demitido. Com isso teve a recisão, o FGTS. Ou seja, dinheiro entrando ...
Sei que saí do propósito desse post e desculpe se você esperava encontrar aqui um ritual lindo e eficaz que trouxesse o amor para sua vida em 7 dias.
Antes de se aventurar num ritual ... pense bem. O que você quer mesmo?

sexta-feira, 3 de junho de 2011

LUA NOVA X LUA NEGRA

A fase da Lua Nova talvez seja a mais debatida nos meios bruxescos. Principalmente nos wiccanos.

Sabemos que são quatro as fases da lua e que são três os aspectos da Deusa.

Lua Cheia - Deusa Mãe
Lua Crescente - Deusa Donzela
Lua Minguante - Deusa Anciã
Lua Nova - Deusa ... Deusa o quê? ... Deusa Negra!

Deixado claro isso é preciso ainda delimitar essa Lua Nova. Pois não é todo o período da Lua Nova que se tem a Lua Negra. Ou ainda, não é em TODA A lua nova (os 7 dias) que se tem a Deusa Negra. Ainda na Lua Nova quando o "C" da lua começar a surgir já temos aí a Deusa Donzela.

Lua Nova é a denominação de um novo ciclo lunar nos nossos calendários. E em média cada ciclo tem 7 dias.
Lua Negra é a ausência da luz da lua na Terra. Onde se trabalha (ou não se trabalha) a Deusa Negra e/ou aspectos obscuros de nossa personalidade.

A Lua Nova começaria então assim que o disco aponta no céu.
Antes disso recomendam que não se faça nenhum trabalho mágicko.

Lua Negra ...
Bem, de acordo com os livros entendidos do assunto a Lua Negra é o último dia antes da Lua Nova, portanto, ainda Lua Minguante. E a Lua Negra tem a duração apenas de um dia. Ou melhor, uma noite.

Segundo outros livros entendidos do assunto a Lua Negra tem a duração de mais ou menos 3 dias. Que são os dias em que a Lua não aparece no céu.

"Magicamente falando, nos primeiros 3 dias desta lunação é tradicional não trabalharmos magicamente. Esta é a fase associada a Deusa Negra, a face da Deusa sombria. É o período relacionada a face da Deusa que nos coloca de frente às nossas sombras, medos, incertezas e fraquezas. Por isso, se for bem utilizada é a melhor fase lunar para começarmos um trabalho de transformação interior de reconexão com o nosso Self.
Após este período inicia-se uma fase positiva para refletir sobre nossos medos, sombras e receios. É a fase ideal para enfrentarmos as partes desconhecidas de nosso ser e realizarmos rituais de renovação. "
(Claudiney Prieto)



Lua Nova - Tentadora
Outros atribuem à Lua Nova um outro aspecto: A TENTADORA. Aquela que se esconde.
E admitem que essa Face da Lua não se restringe à Lua Nova. Podendo ocorrer em qualquer fase desde que a Lua esteja escondida pelas nuvens.
A Tentadora simboliza a sexualidade sagrada que pode ser revelada tanto pela Donzela, pela Mãe e pela Anciã.
Na verdade a Anciã/Tentadora é mais comun nas mitologias mundo a fora. Já que a mesma tem a capacidade de voltar a ser Mãe ou Donzela.


É importante ler sobre isso  e entender. E absorver.
Você não precisa concordar 100% com tudo o que lê.
E tem que unir a teoria com a prática.

Na minha vivência mágicka evito qualquer trabalho na Lua Negra. Lua Negra essa que entendo como sendo o dia anterior à Lua Nova.
Particularmente acho os três primeiros dias da Lua Nova muito produtivos. Magickamente falando. É uma fase boa para muitos feitiços de inícios, de proteção, novos começos. E mudança no geral.
Mas VOCÊ deve experimentar o que serve e o que não serve para você.


quinta-feira, 2 de junho de 2011

LUA CHEIA


Lua Cheia
Plenúrio
Esbá
Esbat
E tantas palavras ...

Todo aspirante a Magista quando no inicio do seu caminho se depara com conceitos e denominações estranhas ao seu dia a dia. E fica confuso. É normal.

Plenúrio nada mais é quando a Lua atinge o seu máximo. A sua máxima exposição aqui na Terra.

Esbá é a ritualização feita de acordo com os aspectos da Lua. Digo isso e repito. Aspectos da Lua. Pois não existe só esbá da Lua Cheia. Pode-se ritualizar em qualquer fase da Lua. O mais comemorado é o Esbá da Lua Cheia.
Cada pessoa tem suas preferências e suas necessidades. E não é errado escolher esta ou aquela lua para ritualizar.

Os wiccanos veem na Lua Cheia o aspecto da Deusa Mãe. E isso é um assunto longo pois outras vertentes de Bruxaria contestam essa forma de ver os Três aspectos da Deusa Tríplice (Virgem, Mãe e Anciã) nas Quatro faces da Lua. Talvez eles esqueçam ou desconheçam uma outra face da Deusa. A face obscura. A Deusa Negra.

Voltando ao assunto da Lua Cheia e suas comemorações vejo que o que mais "atormenta" os iniciantes é como comemorar? O que usar? O que fazer? Eles dizem: "não tenho cálice, não tenho athame, não posso acender vela dentro de casa ..."
Confesso que no início essa também era uma das minhas preocupações.
Vai que eu erro a cor da vela.
Vai que eu erro o aroma do incenso.
Vai que eu uso o leite tipo C ... e a Deusa não goste.
Tenho que ritualizar de noite mesmo?
Tem que ser ao ar livre?
Enfim.

Quando os iniciantes são mais "pensantes" e estudam direitinho as faces da Deusa e as fases da lua eles começam a se questionar: Seguir o calendário lunar ou seguir o "olhometro" lunar? Ahhhh ... bingo!
Daí meu bem, você precisa saber dosar com paciência e bom senso. Pois existe diferença sim na energia da lua ... por exemplo no início da fase da lua nova, quando ela ainda não aponta no céu, quando ainda não é possível ver o seu disco fino brilhando. E segundo dizem a Lua Cheia é mais "poderosa" um dia antes do plenúrio. Pois quando ela atinge o plenúrio ela começa a minguar. Então dois dias após o plenúrio já é possível perceber uma Lua Cheia não tão cheia assim. Observe suas laterais.
Os wiccanos convencionaram assim:

Lua Nova - Deusa Negra
Lua Crescente - Deusa Donzela ou Virgem
Lua Cheia - Deusa Mãe
Lua Minguante - Deusa Anciã



Mas existe outras vertentes que não concordam com isso.
Hoje eu não sou uma Sacerdotisa importante.
Mas tenho já algumas experiências. E vou dividi-las com vocês:

- Sempre. Sempre que eu planejo algum esbat (ou sabat) especial algo acontece e me impede ou dificulta colocá-lo em ação. Parentes chegam. Compromissos exigem minha presença. Fico doente. Me dá um sono desumano.

E preciso ainda dizer que conforme eu fui me conectando com a Lua nesse caminho eu aprendi a crescer e a minguar com ela.
Então dois dias antes da Lua Cheia eu começo a ficar agitada, de ideias perturbadas, não consigo me concentrar. É muita energia em mim. Quase explodo. Fico extasiada. Repleta. Confusa. Fico extremamente cansada e sem um pingo de sono. Sono esse que só antecede os esbats.

Eu aprendi que o importante é intenção. É o sentimento. Claro, mesclado ao bom senso.
O esbat é no geral uma comemoração alegre. Um pouco menos "pomposa" que os sabats. Mas não menos importante.
Algumas vezes quando necessito fazer algum ritual mágicko fico envergonhada de usar minha celebração à Deusa para fazer qualquer ato mágicko. Preferindo realizar o ato mágicko num dia antes do esbat. Sei sei. Isso é tontice. Mas é coisa minha mesmo.
Como as pessoas ao meu redor não sabem desse meu lado "bruxesco" não tem como eu comemorar coletivamente. Até porque não participo de nenhum grupo também. Todavia, mesmo assim eu "invento" alguma coisa especial. Um jantar ... qualquer coisa. Uma sobremesa ...

As maneiras de se celebrar um esbat são diversas. Tão diversas que existe para todos os gostos.

Uma reflexão sob a luz da Lua Cheia.
Uma prece
Um incenso acesso
Uma vela acessa
Um banho especial
Uma meditação
Uma simples oferenda

Fuçando na internet você encontrará vários rituais para se fazer na Lua Cheia.
Encontre um que mais agrade você. E que mais tenha a ver com você. Com a sua realidade.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Magia Branca x Magia Negra


Magia tem cor ou não tem ??
A magia sempre foi um fenômeno passível de inúmeras definições e interpretações, na maior parte das vezes altamente contraditórias.
Segundo o Código Teodosiano, existem 9 tipo de actividades mágicas, sendo elas:

1- a adivinhação
2- a astrologia
3- a execução de trabalhos em Templos Pagãos e a Deuses Pagãos
4- a posse de livros magicos secretos
5- a produção e uso de amuletos
6- a Necromancia
7- a arte dos encantamentos
8- o uso magico de palavras e simbolos ocultos
9- a criação de poçoes de amor

Em todos os casos, a magia segundo o grande Teólogo São Agostinho, é uma pratica espiritual intimamente ligada aos espiritos dos mortos e a espiritos das trevas. A igreja, por isso sempre considerou qualquer forma de magia, enquanto a arte de produzir fenômenos sobrenaturais com a ajuda de espíritos impuros ou demônios, ou seja, no fundo sempre reduziu todo o fenómeno mágico a algo maligno e consequentemente a magia negra.

Engane-se por isso aquele que pensa que pode recorrer a alguma forma de magia branca que esteja autorizada pela teologia cristã, pensando que não esta cometendo um pecado, pois na doutrina crista não há magia branca, há apenas magia, e toda a magia é impura, seja qual for a sua cor.

Ao descrever magos, feiticeiros e todos os praticantes de magia, Santo Agostinho dizia que esses tipos de místicos eram caracterizados apenas por 2 coisas: união com espíritos impuros e uma ganância inigualável. Aliás, segundo o histórico teólogo, a verdadeira distinção entre os sacerdotes da Igreja e os Magos ou Bruxos, residia precisamente nessa nesse aspecto:

“enquanto que o sacerdote procura levar uma vida humilde, regrada, altruísta e em rigorosa obediência a vontade de Deus, o Bruxo procurava reputação, honrarias e riquezas”
Tambem no apócrifo livro de Enoch, é possível ler que os magos e feiticeiros trabalham cortejando a notoriedade e a ostentação (....) e sempre se vangloriam de saber e ter mais coisas que as outras pessoas.»

Sao Agostinho afirmava que ao contrário dos magos, os sacerdotes da igreja não trabalhavam para o lucro, mas sim por fé e compaixão.

Por outro lado, os ocultistas costumam distinguir entre magia branca, e magia negra.

Na generalidade, entende-se a magia branca como a magia realizada para praticar o bem, ao passo que a magia negra é aquela realizada com praticar o mal.

Outros ocultistas porém questionam e argumentam:

Sendo que o bem de uma pessoa, é o mal de outra, como é possível afirmar que alguém esta praticando magia branca ou negra, senão e apenas em função da perspectiva subjectiva de cada um de nós?

Por exemplo:

Através da magia, uma mulher conquista o homem amado. Para essa mulher que benificou do processo espiritual, a magia foi certamente branca, pois trouxe o seu bem. Mas para uma outra segunda mulher que perdeu esse mesmo homem, que dizer? Para essa outra mulher, certamente tratar-se-á de magia negra, pois trouxe-lhe a perda e a solidão.

Complicado? Fica mais.

Pois os ocultistas que observam este fenômeno  tendem a centrar a
definição de magia, (branca ou negra), noutro aspecto do processo mágico.

Para esses, a magia não é branca ou negra consoante os seus fins são bons ou maus,( como vimos, isso é altamente subjectivo), mas antes no tipo de entidades espirituais que essas praticas mágicas invocam.

O mesmo será dizer que a magia é branca quando invoca espíritos da luz para dialogar com estes, sendo que a magia é negra quando invoca espíritos das trevas para lhes pedir o cumprimento de certos fins.

Claro está, que esta definição reconduz-nos sempre á questão original: estamos num caso lidando com espíritos de luz (do bem), e espíritos das trevas (do mal), e por isso parece que tudo regressa a sua forma inicial.

No entanto, segundo esta definição, leva-nos a deparar com outro problema de ainda maior complexidade:

Existem imensos exemplos bíblicos de como a magia branca pode ser usada para fins altamente destrutivos.

Inúmeros exemplos disso podemos ver na Bíblia, onde invocações a anjos foram feitas com a finalidade de dizimar cidades, ou de destruir exércitos, ou de aniquilar milhares de pessoas. Mais exemplo disso, vemos quando invocações são feitas a Deus, para que Deus envie espíritos maus para junto de inimigos. Mais exemplo encontramos disso, quando através de invocações aos espíritos de luz de Deus, ou mesmo ao espírito de Deus, Moisés lança devastadoras pragas sobre o Egipto. Mais exemplos disso vemos quando os reis Hebreus, por mais que uma vez conjuraram espíritos de Deus, para dizimar pessoas ou amaldiçoar outros reinos.

Se é verdade que a bíblia condena com severidade certas praticas mágicas, no entanto também é verdade que magos foram Balaão, Moisés, Daniel, Samuel, e outros tantos personagens bíblicos, que usaram invocações aos espíritos divinos para realizar os fins desejados, que fizeram profecias, que conjuraram espíritos, que tiveram visões, que estudaram os mistérios esotéricos ocultos nos sagrados textos, que lançaram bênçãos e maldições, entre tantos outros actos de pura magia branca.

Se é verdade que a Bíblia condena severamente as artes divinatórias como a astrologia ou a necromancia, no entanto também é verdade que a mesma recomenda avidamente o exercício da profecia, assim como estipula o lançamento de sortes, ou as invocações espirituais a espíritos de Luz, ou o uso divinatório de varas, entre outros tantos métodos mágicos, como legitimas formas de práticas espirituais poderosíssimas. E se é verdade que a Bíblia condena o contacto com espíritos, a verdade é que Jesus contactou com espíritos de profetas mortos. E se é verdade que a Bíblia condena os magos, a verdade é que foram magos que confirmaram a vinda de Jesus ao mundo. Alguém aqui contesta?
Como podemos concluir, por um lado as contradições bíblicas sobre a magia são muitas, ao passo que verificamos na própria bíblia que a magia branca ,( contacto com seres de luz ou anjos), pode ser usada para fins destruidores e objectivos devastadores.

No entanto , tambem sabemos que a magia negra pode ser usada para fins positivos.

O maior exemplo disso mesmo, é o ritual de exorcismo. Na verdade, o ritual de exorcismo é um acto de magia negra, pois todo o ritual espiritual que visa contactar demónios, ( seja para que finalidade for), é um acto de magia negra.

Ora, neste caso os demónios são contactados e com eles existe um diálogo, mas com uma boa finalidade: a de expulsa-los de uma pessoa.
Texto de Damra Atropos









Como podemos então concluir, a magia negra (nessa concepção) também pode ser usada para fins positivos.

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É o seguinte: dizem que magia não tem cor. Que não existe magia negra, isso foi inventado pelo cristianismo, para desqualificar os que manipulam energias através de rituais, como fazem, de maneira geral, os bruxos.
Tudo bem. Parece simples assim e ponto final. Mas, na verdade tudo é mais complexo que isso, o mal e o bem existem, a luz e a escuridão, o calor e o frio, etc. são opostos que se complementam.
Mesmo a Deusa tem a sua face negra!
Entretanto, partindo da premissa de que podemos manipular energias, é interessante refletir o seguinte: um bruxo (ou qualquer outro que saiba manipular energias, consciente ou inconscientemente) pode direcionar suas práticas mágicas tanto para o bem quanto para o mal, segundo seus interesses. Entretanto, a experiência que eu tenho é que, quando você pratica um feitiço, você é automaticamente enfeitiçado. Portanto, vale a pena saber que, todas as consequências do ato mágico, terão reflexo naquele que praticou o ato.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Deusa Hera - Parte II

Mitologia - O Lírio foi dedicado à deusa Hera. Diz a lenda que quando Zeus uniu Hercules e Alceme, uma mortal, ele desejava que seu filho participasse mais plenamente da divindade. Para este fim, ele drogou Hera e quando ela dormia ele lhe deu o bebê. Ela teve o bebê colocado em seu peito e o amamentou. Hera acordou no surpresa e afastou o bebê. Gotas de seu leite se espargiram em todo o céu e formaram a Via Lactea. Algumas gotas caíram na terra e daquelas gotas nasceu o primeiro lírio.  

HERA ...Hera, a Rainha Celeste, uma das mais antigas e poderosas deusas do mundo mediterrâneo, nos primórdios reinava sozinha e sem consorte, verdadeira herdeira da tradição da Grande Mãe. No entanto, poetas e historiadores no período helenístico e clássico Lhe atribuíram um papel de menor importância, descrevendo-A como a esposa ciumenta e vingativa de Zeus, uma deusa insegura, cruel e injusta, padroeira do casamento e da fidelidade, que ela respeitava e cumpria apesar do alto preço a pagar. Zeus era um deus todo-poderoso, com comportamento tipicamente patriarcal, adúltero e dominador, que violentava deusas, ninfas e mortais e se gabava das suas conquistas e dos filhos ilegítimos. Hera aparece nos mitos clássicos e poemas homéricos como a consorte dependente e fiel, que usa seus poderes sobrenaturais e sua astúcia para se vingar das traições conjugais, matando as amantes e os filhos bastardos sem, no entanto, confrontar ou abandonar seu marido infiel.

Apesar desta descrição negativa, o culto de Hera floresceu em vários lugares, seus templos imponentes e faustosos sendo encontrados de Babilônia até Síria, Grécia, Creta e Roma, os mais famosos sendo os de Hierápolis, Sparta, Olímpia, Micenas, Argos, Cós, Samos, Corinto, Attica, Beotia, Epidaurus, Euboea, Platea e Creta.


Como se explicam os séculos de devoção a uma deusa “vulnerável” e misógina, com os inúmeros festivais e celebrações - chamados Heraea - em Hierápolis (com procissões, oferendas nos altares, banquetes e competições esportivas) ou Olímpia (com jogos e competições de corridas entre mulheres de várias faixas etárias) e as procissões anuais das sacerdotisas levando as estátuas de Hera para serem lavadas no mar?  Assim Parthenia era a donzela, a lua nova, a primavera, Teleia – a mulher adulta, a lua cheia, o verão e Khêra, a viúva ou mulher solitária, a lua minguante e o inverno. Além desta apresentação tríplice, Hera ainda tinha como atributos: Ataurote - a virgem, Nymphomene - a noiva, Zygia- a casada, Gamelia - padroeira do casamento, Antheia - deusa das flores, Acrea - a senhora das alturas, Hippia – padroeira das corridas de cavalos. Suas imagens mais antigas a representam nos altares dos templos como um pilar de madeira sagrada envolto em panos ou uma mulher majestosa e bonita, os cabelos presos por um diadema, sentada sobre um trono e segurando um cetro com um cuco no topo (seu animal sagrado além do falcão, do pavão e da vaca) e uma romã (indicando sua regência também sobre a morte, além da vida). Hera aparecia como uma deusa lunar e celeste, que controlava o céu, a terra, o ar e a água, protegia as mulheres, seus ritos de passagem e relacionamentos, regente da arte, da ciência, do tempo e das profecias. Seu culto antecede em muito o de Zeus, até mesmo em Olímpia, onde seu templo foi depois dedicado a Zeus. Quando as tribos invasoras vindo do Norte europeu invadiram a Grécia, o culto de Hera tornou-se um empecilho e assim ela foi transformada na consorte de Zeus, deus celeste e senhor dos raios.  Casamento de Zeus e HeraO casamento mítico de Hera e Zeus representa a derrota do culto matrifocal na Grécia e Creta pré-micênica pelos cultos patriarcais e a amalgamação forçada das duas tradições e seus panteões. Os eternos conflitos do casal divino simbolizam as batalhas entre os seguidores de Zeus e os adoradores de Hera. A permanente tensão conjugal e a esterilidade matrimonial descreviam o contraste entre a antiga descendência matrilinear e as novas imposições da hierarquia patrilinear. Zeus negou a Hera realização sexual e emocional e nascimento de um filho legítimo, com medo de que ele poderia usurpar a sua soberania (assim como ele fez com o seu pai Chronos). Hera - à sua vez - recusou-se gerar um herdeiro que perpetuasse o direito e a hegemonia patriarcal. Os inúmeros estupros de deusas e mortais atribuídos a Zeus representavam a violação dos direitos matrifocais e o ostracismo imposto às sacerdotisas de Hera pelos adeptos de Zeus. A perseguição e punição das amantes de Zeus por Hera, era uma metáfora que simbolizava o compromisso sagrado que impedisse a submissão das sacerdotisas à nova ordem patriarcal. A matança dos filhos destes estupros era uma medida extrema para evitar a existência de descendentes leais à nova ordem patriarcal. A severidade do comportamento de Hera com seus inimigos reflete o desespero das seguidoras do seu culto, que lutaram até a morte para preservar a linhagem matriarcal e os direitos sagrados das mulheres. Como conseqüência da instauração da nova ordem patriarcal, as mulheres foram proibidas de exercer práticas curativas, terem acesso aos estudos, cultos e calendários lunares, sendo punidas pelas transgressões das regras. Até nos dias de hoje, a violência contra as mulheres é atribuída ao comportamento errado, omisso, devasso, rebelde, fútil ou carente das mulheres.  No panteão Olímpico Hera aparece como filha de Chronos e Rhea, irmã de Zeus que se apaixonou por ela, mas Rhea não lhe deu seu consentimento por conhecer a sexualidade voraz e desprovida de ética do seu filho. Para conseguir vencer a resistência de Hera refratária aos seus avanços, Zeus lançou mão de um estratagema, se transformando em cuco, que parecendo enregelado de frio foi acolhido nos braços compassivos de Hera. Depois que Zeus reassumiu suas feições ele a violentou, forçando-a aceitar o casamento, festejado por todas as divindades. O mito conta que a celebração do casamento durou 300 anos e em seguida o casal divino foi morar no monte Olimpo, onde Hera passou a dividir o trono com Zeus e ser a única deusa casada. No início a relação foi amorosa e pacifica, mas depois começaram as brigas perpétuas, com traições de Zeus, fidelidade e vinganças de Hera, humilhações e disputas recíprocas.

Apesar desta união tumultuada, Hera passou a ser reverenciada como a esposa modelo, que permanecia fiel e monógama, apesar da infidelidade do marido e das investidas de outros deuses. Enquanto Zeus gerou vários filhos fora do casamento, da sua união com Hera nasceram apenas as deusas Hebe e Eileithya que, segundo algumas fontes, não eram filhas, mas personificações da própria Hera (sua face jovem e a protetora dos partos). Para se vingar de Zeus pelo nascimento de Athena, Hera gerou de forma partenogenética (sem parceiro) os deuses Ares (odiado por Zeus), Hefaisto (rejeitado pela própria Hera por ter nascido aleijado) e uma criatura monstruosa, Tifon, a serpente de cem cabeças, inimiga mortal de Zeus. A relação conjugal de Zeus e Hera tornou-se o protótipo do casamento humano, com brigas, separações e repetidas voltas, Hera se retirando na solidão durante algum tempo, mas voltando após a renovação da sua “virgindade” ao se banhar na fonte sagrada de Kanathos. Em troca da sua fidelidade Hera esperava a mesma conduta do seu cônjuge e sua decepção se manifestou na amargura, ciúme obsessivo, raiva e vingança, bem como na projeção da sua libido reprimida e manifestada pela licenciosidade de Zeus.

Sua atuação feminina era mais como esposa do que como mãe, podendo ser definida como uma “matriarca contida e reprimida em um mundo patriarcal”, sem ter tido o direito e as condições mútuas para que fosse celebrado o verdadeiro hieros gamos, o casamento sagrado e consagrado. Os mitos clássicos enaltecem apenas a virtude da fidelidade de Hera, sem mencionar seus antigos atributos de proteção, força e nutrição. A ênfase está no ciúme mórbido, na maldade cruel das vinganças, na imagem maldosa de Hera, fato atribuído à vida conjugal de Homero, perseguido e atormentado por uma esposa vil e ciumenta.  JUNO ...A equivalente romana de Hera, a deusa Juno tinha um mito semelhante, mas uma maior autoridade e relevância, por terem sido agregados ao seu culto os atributos lunares e de fertilidade da terra de uma antiga deusa mãe. Para os gregos, a união perene de Hera e Zeus simbolizava a importância da manutenção do casamento. Para os romanos o casamento, lar e família tinham uma importância conjunta maior, louvando-se também a fertilidade e a maternidade como atributos divinos. Juno Natalis era a guardiã dos partos e da maternidade, Juno Lucina conduzia a alma para a luz e Juno Pronuba protegia as mulheres casadas, o mês de junho sendo a ela dedicado como favorável aos casamentos. Acreditava-se que cada mulher possuía uma individualidade feminina sempre renovada e jovem nomeada juno, equivalente ao genius dos homens.  O asteróide Juno simboliza o princípio de relacionamento e da parceria equilibrada e harmoniosa, sendo associado com os signos de Libra e de Escorpião, definindo a aspiração para a união perfeita e os sofrimentos e complexos psicológicos oriundos da não realização. Ele descreve os jogos de poder, as manipulações, repressões, projeções, decepções, medos e conflitos encontrados nos relacionamentos desiguais e desajustados e indica as soluções para a sua transmutação e cura..

Para as mulheres que buscam resgatar os verdadeiros valores e conceitos da tradição da Deusa é imprescindível descartar a visão patriarcal de Hera como uma deusa vulnerável e dependente e A honrar como protetora e defensora, que cuida dos seus direitos, favorecendo e atraindo relacionamentos justos, leais e de honesta parceria. Precisamos transformar o arquétipo distorcido da Hera como esposa infeliz e dependente enraizado no nosso inconsciente, na cultura, literatura e ordem social vigente. Resgatar a Hera arcaica que vive em nós - simultaneamente com a sua imagem negativa mais recente – significa ver Hera como um incentivo para que amemos mais a nós mesmas, buscando nosso aprimoramento individual, cuidando dos nossos corpos, mentes, corações e limites. Devemos ter a coragem para exigir um relacionamento equitativo, harmonioso, honesto e equilibrado, vivendo com integridade, lealdade e respeito, sem nos deixar limitar ou prender por medos, co-dependências e concessões.


Pede-se à Hera a benção para um casamento sagrado, uma união alquímica que una as almas e não somente corpos, corações ou interesses, em busca da fusão com o divino amor, que tudo permeia e que existe em todos e no todo.. Fonte:http://sitioremanso.multiply.com/journal/item/82/HERA_E_JUNO_AS_PADROEIRAS_DOS_RELACIONAMENTOS   "Na Ilíada, percebemos a necessidade do macho imaturo em difamar e satirizar as mulheres poderosas e a antiga rodem social matriarcal; a necessidade de negar às mulheres seu grande poder e sua profunda relação com a vida. Em Homero, Hera então é reduzida a uma figura risível, ciumenta e vingativa, num contexto que retrata uma cultura dedicada à guerra, ao sacrifício humano e à glória. Zeus, por sua vez, encaixa-se no papel arquetípico do 'Don Juan', é a imagem do macho fálico que passa a dominar a cultura grega. Agora, Hera não passa de uma deusa conquistada e subjugada, oriunda de uma ordem mais antiga. Zeus surge de uma cultura invasora, que cultuava deuses do céu e que chegou ao Mediterrâneo vinda do norte, impondo-se sobre as culturas anteriores que ali existiam: a invasão dórica.

Num nível mais profundo, os problemas de relacionamento entre Hera e Zeus simbolizam a dificuldade em se unir as tradições Lunar e Solar na mente humana, pois devemos descobrir como elas podem coexistir e frutificar. Trata-se de dois tipos diferentes de consciência: a Solar: heróica, com sua abordagem linear, lutando pela supremacia e pela perfeição; e a Lunar: cíclica, em busca da harmonia do relacionamento, da conexão, da integração ou da síntese, da totalidade."

Para saber mais

www.ce.ufpb.br/nipam/arquivos/destaques_do_mes/hera.htm

Por aí, podemos perceber o quanto temos a aprender com Hera.  A ILIADA E SUAS ESTORIASA Ilíada é uma das versões mais conceituadas da Guerra de Tróia. Além do acontecimento principal, que nós já conhecemos, desenvolve uma série de estorinhas ao longo do enredo principal, cada uma mais fascinante do que a outra. Uma das melhores, diz que Hera adormeceu Zeus - seu marido e rei dos deuses do Olimpo - para alterar, enquanto ele dormia, o rumo da Guerra de Tróia. Acontece que o senhor do Olimpo acabara de proibir a interferência dos deuses naquele combate entre mortais. Seu decreto era claríssimo: " Que os homens lutem e decidam seu próprio destino". Hera sabia que tal ordem era endereçada principalmente a ela, conhecida inimiga dos troianos, como também sabia que Zeus vigiava, do alto do Monte Ida, o desenrolar da batalha que se travava na planície. Mas isso não a intimidou. Não iria desistir só porque ele proibiu. Ela conhecia as armas para vencê-lo.

Nua, diante do espelho, ela se preparou para outro tipo de guerra. Passou em todo o corpo um óleo sutilíssimo e perfumado, dividiu o cabelo em duas belas tranças e enfeitou as orelhas com brincos de ametista. Vestiu uma túnica levíssima e colocou nos quadris um cinto de franjas que se moviam ao caminhar. Estava pronta para o combate, mas ainda assim pediu a Afrodite a sua lendária fita do desejo (um talismã que enlouquecia qualquer homem que dele se aproximasse), amarrando-a na cintura. Assim deslumbrante ela foi apresentar-se aos olhos espantados de Zeus, que ficou enfeitiçado e arrebatado pela paixão. Ele queria fazer amor ali mesmo, mas ela, fingindo estar com vergonha, esquivava-se de seus abraços mais impetuosos, exigindo que ele cumprisse os rituais da sedução. Impaciente em convencê-la, disse que a desejava naquele instante como nunca havia desejado alguém antes. E surpreendentemente, fez uma inusitada enumeração de ninfas e mortais com as quais tinha dormido recentemente. Hera finalmente cedeu. Os dois se amaram ali mesmo, na relva, sobre um colchão de flores. Depois, Zeus pegou no sono e ela mudou o curso da guerra.  O tempo foi passando e Zeus continuava o mesmo. Um dia, cansada, Hera abandonou o Olimpo e voltou para sua terra natal, a ilha de Eubéia. Morto de saudade, Zeuas queria que ela voltasse. Como não sabia o que fazer, para reconquistá-la, foi humildemente consultar o homem mais sábio do mundo, que o aconselhou a esculpir uma imagem de mulher, vestí-la como noiva e circular por Eubéia numa carruagem matrimonial, anunciando que ia se casar com uma mulher bem mais jovem. Como era previsível, Hera, tão logo ouviu a novidade, apareceu em cena e pôs-se a rasgar as roupas da pretensa noiva. Ao perceber o estratagema, entendeu, entre orgulhosa e satisfeita, o objetivo de Zeus, e com ele reconciliou-se para sempre.

O segredo era o ciúme, esse licor venenoso que já destruiu tanta gente. Nele Zeus e Hera encontraram a força para viverem juntos. Para seduzí-la, lá no Monte Ida, ele apelou para o ciúme. Mais tarde o ciúme os separou, mas foi também pelo ciúme que Zeus a trouxe de volta. Se alguém perguntasse àquele sábio se essa é a receita para um bom casamento, ele diria sorrindo, que não existem receitas. O que é puro veneno para uns, pode ser tempero para outros.

http://paxdedeux.blogspot.com/search/label/Hera