terça-feira, 31 de maio de 2011

Magia Branca x Magia Negra


Magia tem cor ou não tem ??
A magia sempre foi um fenômeno passível de inúmeras definições e interpretações, na maior parte das vezes altamente contraditórias.
Segundo o Código Teodosiano, existem 9 tipo de actividades mágicas, sendo elas:

1- a adivinhação
2- a astrologia
3- a execução de trabalhos em Templos Pagãos e a Deuses Pagãos
4- a posse de livros magicos secretos
5- a produção e uso de amuletos
6- a Necromancia
7- a arte dos encantamentos
8- o uso magico de palavras e simbolos ocultos
9- a criação de poçoes de amor

Em todos os casos, a magia segundo o grande Teólogo São Agostinho, é uma pratica espiritual intimamente ligada aos espiritos dos mortos e a espiritos das trevas. A igreja, por isso sempre considerou qualquer forma de magia, enquanto a arte de produzir fenômenos sobrenaturais com a ajuda de espíritos impuros ou demônios, ou seja, no fundo sempre reduziu todo o fenómeno mágico a algo maligno e consequentemente a magia negra.

Engane-se por isso aquele que pensa que pode recorrer a alguma forma de magia branca que esteja autorizada pela teologia cristã, pensando que não esta cometendo um pecado, pois na doutrina crista não há magia branca, há apenas magia, e toda a magia é impura, seja qual for a sua cor.

Ao descrever magos, feiticeiros e todos os praticantes de magia, Santo Agostinho dizia que esses tipos de místicos eram caracterizados apenas por 2 coisas: união com espíritos impuros e uma ganância inigualável. Aliás, segundo o histórico teólogo, a verdadeira distinção entre os sacerdotes da Igreja e os Magos ou Bruxos, residia precisamente nessa nesse aspecto:

“enquanto que o sacerdote procura levar uma vida humilde, regrada, altruísta e em rigorosa obediência a vontade de Deus, o Bruxo procurava reputação, honrarias e riquezas”
Tambem no apócrifo livro de Enoch, é possível ler que os magos e feiticeiros trabalham cortejando a notoriedade e a ostentação (....) e sempre se vangloriam de saber e ter mais coisas que as outras pessoas.»

Sao Agostinho afirmava que ao contrário dos magos, os sacerdotes da igreja não trabalhavam para o lucro, mas sim por fé e compaixão.

Por outro lado, os ocultistas costumam distinguir entre magia branca, e magia negra.

Na generalidade, entende-se a magia branca como a magia realizada para praticar o bem, ao passo que a magia negra é aquela realizada com praticar o mal.

Outros ocultistas porém questionam e argumentam:

Sendo que o bem de uma pessoa, é o mal de outra, como é possível afirmar que alguém esta praticando magia branca ou negra, senão e apenas em função da perspectiva subjectiva de cada um de nós?

Por exemplo:

Através da magia, uma mulher conquista o homem amado. Para essa mulher que benificou do processo espiritual, a magia foi certamente branca, pois trouxe o seu bem. Mas para uma outra segunda mulher que perdeu esse mesmo homem, que dizer? Para essa outra mulher, certamente tratar-se-á de magia negra, pois trouxe-lhe a perda e a solidão.

Complicado? Fica mais.

Pois os ocultistas que observam este fenômeno  tendem a centrar a
definição de magia, (branca ou negra), noutro aspecto do processo mágico.

Para esses, a magia não é branca ou negra consoante os seus fins são bons ou maus,( como vimos, isso é altamente subjectivo), mas antes no tipo de entidades espirituais que essas praticas mágicas invocam.

O mesmo será dizer que a magia é branca quando invoca espíritos da luz para dialogar com estes, sendo que a magia é negra quando invoca espíritos das trevas para lhes pedir o cumprimento de certos fins.

Claro está, que esta definição reconduz-nos sempre á questão original: estamos num caso lidando com espíritos de luz (do bem), e espíritos das trevas (do mal), e por isso parece que tudo regressa a sua forma inicial.

No entanto, segundo esta definição, leva-nos a deparar com outro problema de ainda maior complexidade:

Existem imensos exemplos bíblicos de como a magia branca pode ser usada para fins altamente destrutivos.

Inúmeros exemplos disso podemos ver na Bíblia, onde invocações a anjos foram feitas com a finalidade de dizimar cidades, ou de destruir exércitos, ou de aniquilar milhares de pessoas. Mais exemplo disso, vemos quando invocações são feitas a Deus, para que Deus envie espíritos maus para junto de inimigos. Mais exemplo encontramos disso, quando através de invocações aos espíritos de luz de Deus, ou mesmo ao espírito de Deus, Moisés lança devastadoras pragas sobre o Egipto. Mais exemplos disso vemos quando os reis Hebreus, por mais que uma vez conjuraram espíritos de Deus, para dizimar pessoas ou amaldiçoar outros reinos.

Se é verdade que a bíblia condena com severidade certas praticas mágicas, no entanto também é verdade que magos foram Balaão, Moisés, Daniel, Samuel, e outros tantos personagens bíblicos, que usaram invocações aos espíritos divinos para realizar os fins desejados, que fizeram profecias, que conjuraram espíritos, que tiveram visões, que estudaram os mistérios esotéricos ocultos nos sagrados textos, que lançaram bênçãos e maldições, entre tantos outros actos de pura magia branca.

Se é verdade que a Bíblia condena severamente as artes divinatórias como a astrologia ou a necromancia, no entanto também é verdade que a mesma recomenda avidamente o exercício da profecia, assim como estipula o lançamento de sortes, ou as invocações espirituais a espíritos de Luz, ou o uso divinatório de varas, entre outros tantos métodos mágicos, como legitimas formas de práticas espirituais poderosíssimas. E se é verdade que a Bíblia condena o contacto com espíritos, a verdade é que Jesus contactou com espíritos de profetas mortos. E se é verdade que a Bíblia condena os magos, a verdade é que foram magos que confirmaram a vinda de Jesus ao mundo. Alguém aqui contesta?
Como podemos concluir, por um lado as contradições bíblicas sobre a magia são muitas, ao passo que verificamos na própria bíblia que a magia branca ,( contacto com seres de luz ou anjos), pode ser usada para fins destruidores e objectivos devastadores.

No entanto , tambem sabemos que a magia negra pode ser usada para fins positivos.

O maior exemplo disso mesmo, é o ritual de exorcismo. Na verdade, o ritual de exorcismo é um acto de magia negra, pois todo o ritual espiritual que visa contactar demónios, ( seja para que finalidade for), é um acto de magia negra.

Ora, neste caso os demónios são contactados e com eles existe um diálogo, mas com uma boa finalidade: a de expulsa-los de uma pessoa.
Texto de Damra Atropos









Como podemos então concluir, a magia negra (nessa concepção) também pode ser usada para fins positivos.

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É o seguinte: dizem que magia não tem cor. Que não existe magia negra, isso foi inventado pelo cristianismo, para desqualificar os que manipulam energias através de rituais, como fazem, de maneira geral, os bruxos.
Tudo bem. Parece simples assim e ponto final. Mas, na verdade tudo é mais complexo que isso, o mal e o bem existem, a luz e a escuridão, o calor e o frio, etc. são opostos que se complementam.
Mesmo a Deusa tem a sua face negra!
Entretanto, partindo da premissa de que podemos manipular energias, é interessante refletir o seguinte: um bruxo (ou qualquer outro que saiba manipular energias, consciente ou inconscientemente) pode direcionar suas práticas mágicas tanto para o bem quanto para o mal, segundo seus interesses. Entretanto, a experiência que eu tenho é que, quando você pratica um feitiço, você é automaticamente enfeitiçado. Portanto, vale a pena saber que, todas as consequências do ato mágico, terão reflexo naquele que praticou o ato.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Deusa Hera - Parte II

Mitologia - O Lírio foi dedicado à deusa Hera. Diz a lenda que quando Zeus uniu Hercules e Alceme, uma mortal, ele desejava que seu filho participasse mais plenamente da divindade. Para este fim, ele drogou Hera e quando ela dormia ele lhe deu o bebê. Ela teve o bebê colocado em seu peito e o amamentou. Hera acordou no surpresa e afastou o bebê. Gotas de seu leite se espargiram em todo o céu e formaram a Via Lactea. Algumas gotas caíram na terra e daquelas gotas nasceu o primeiro lírio.  

HERA ...Hera, a Rainha Celeste, uma das mais antigas e poderosas deusas do mundo mediterrâneo, nos primórdios reinava sozinha e sem consorte, verdadeira herdeira da tradição da Grande Mãe. No entanto, poetas e historiadores no período helenístico e clássico Lhe atribuíram um papel de menor importância, descrevendo-A como a esposa ciumenta e vingativa de Zeus, uma deusa insegura, cruel e injusta, padroeira do casamento e da fidelidade, que ela respeitava e cumpria apesar do alto preço a pagar. Zeus era um deus todo-poderoso, com comportamento tipicamente patriarcal, adúltero e dominador, que violentava deusas, ninfas e mortais e se gabava das suas conquistas e dos filhos ilegítimos. Hera aparece nos mitos clássicos e poemas homéricos como a consorte dependente e fiel, que usa seus poderes sobrenaturais e sua astúcia para se vingar das traições conjugais, matando as amantes e os filhos bastardos sem, no entanto, confrontar ou abandonar seu marido infiel.

Apesar desta descrição negativa, o culto de Hera floresceu em vários lugares, seus templos imponentes e faustosos sendo encontrados de Babilônia até Síria, Grécia, Creta e Roma, os mais famosos sendo os de Hierápolis, Sparta, Olímpia, Micenas, Argos, Cós, Samos, Corinto, Attica, Beotia, Epidaurus, Euboea, Platea e Creta.


Como se explicam os séculos de devoção a uma deusa “vulnerável” e misógina, com os inúmeros festivais e celebrações - chamados Heraea - em Hierápolis (com procissões, oferendas nos altares, banquetes e competições esportivas) ou Olímpia (com jogos e competições de corridas entre mulheres de várias faixas etárias) e as procissões anuais das sacerdotisas levando as estátuas de Hera para serem lavadas no mar?  Assim Parthenia era a donzela, a lua nova, a primavera, Teleia – a mulher adulta, a lua cheia, o verão e Khêra, a viúva ou mulher solitária, a lua minguante e o inverno. Além desta apresentação tríplice, Hera ainda tinha como atributos: Ataurote - a virgem, Nymphomene - a noiva, Zygia- a casada, Gamelia - padroeira do casamento, Antheia - deusa das flores, Acrea - a senhora das alturas, Hippia – padroeira das corridas de cavalos. Suas imagens mais antigas a representam nos altares dos templos como um pilar de madeira sagrada envolto em panos ou uma mulher majestosa e bonita, os cabelos presos por um diadema, sentada sobre um trono e segurando um cetro com um cuco no topo (seu animal sagrado além do falcão, do pavão e da vaca) e uma romã (indicando sua regência também sobre a morte, além da vida). Hera aparecia como uma deusa lunar e celeste, que controlava o céu, a terra, o ar e a água, protegia as mulheres, seus ritos de passagem e relacionamentos, regente da arte, da ciência, do tempo e das profecias. Seu culto antecede em muito o de Zeus, até mesmo em Olímpia, onde seu templo foi depois dedicado a Zeus. Quando as tribos invasoras vindo do Norte europeu invadiram a Grécia, o culto de Hera tornou-se um empecilho e assim ela foi transformada na consorte de Zeus, deus celeste e senhor dos raios.  Casamento de Zeus e HeraO casamento mítico de Hera e Zeus representa a derrota do culto matrifocal na Grécia e Creta pré-micênica pelos cultos patriarcais e a amalgamação forçada das duas tradições e seus panteões. Os eternos conflitos do casal divino simbolizam as batalhas entre os seguidores de Zeus e os adoradores de Hera. A permanente tensão conjugal e a esterilidade matrimonial descreviam o contraste entre a antiga descendência matrilinear e as novas imposições da hierarquia patrilinear. Zeus negou a Hera realização sexual e emocional e nascimento de um filho legítimo, com medo de que ele poderia usurpar a sua soberania (assim como ele fez com o seu pai Chronos). Hera - à sua vez - recusou-se gerar um herdeiro que perpetuasse o direito e a hegemonia patriarcal. Os inúmeros estupros de deusas e mortais atribuídos a Zeus representavam a violação dos direitos matrifocais e o ostracismo imposto às sacerdotisas de Hera pelos adeptos de Zeus. A perseguição e punição das amantes de Zeus por Hera, era uma metáfora que simbolizava o compromisso sagrado que impedisse a submissão das sacerdotisas à nova ordem patriarcal. A matança dos filhos destes estupros era uma medida extrema para evitar a existência de descendentes leais à nova ordem patriarcal. A severidade do comportamento de Hera com seus inimigos reflete o desespero das seguidoras do seu culto, que lutaram até a morte para preservar a linhagem matriarcal e os direitos sagrados das mulheres. Como conseqüência da instauração da nova ordem patriarcal, as mulheres foram proibidas de exercer práticas curativas, terem acesso aos estudos, cultos e calendários lunares, sendo punidas pelas transgressões das regras. Até nos dias de hoje, a violência contra as mulheres é atribuída ao comportamento errado, omisso, devasso, rebelde, fútil ou carente das mulheres.  No panteão Olímpico Hera aparece como filha de Chronos e Rhea, irmã de Zeus que se apaixonou por ela, mas Rhea não lhe deu seu consentimento por conhecer a sexualidade voraz e desprovida de ética do seu filho. Para conseguir vencer a resistência de Hera refratária aos seus avanços, Zeus lançou mão de um estratagema, se transformando em cuco, que parecendo enregelado de frio foi acolhido nos braços compassivos de Hera. Depois que Zeus reassumiu suas feições ele a violentou, forçando-a aceitar o casamento, festejado por todas as divindades. O mito conta que a celebração do casamento durou 300 anos e em seguida o casal divino foi morar no monte Olimpo, onde Hera passou a dividir o trono com Zeus e ser a única deusa casada. No início a relação foi amorosa e pacifica, mas depois começaram as brigas perpétuas, com traições de Zeus, fidelidade e vinganças de Hera, humilhações e disputas recíprocas.

Apesar desta união tumultuada, Hera passou a ser reverenciada como a esposa modelo, que permanecia fiel e monógama, apesar da infidelidade do marido e das investidas de outros deuses. Enquanto Zeus gerou vários filhos fora do casamento, da sua união com Hera nasceram apenas as deusas Hebe e Eileithya que, segundo algumas fontes, não eram filhas, mas personificações da própria Hera (sua face jovem e a protetora dos partos). Para se vingar de Zeus pelo nascimento de Athena, Hera gerou de forma partenogenética (sem parceiro) os deuses Ares (odiado por Zeus), Hefaisto (rejeitado pela própria Hera por ter nascido aleijado) e uma criatura monstruosa, Tifon, a serpente de cem cabeças, inimiga mortal de Zeus. A relação conjugal de Zeus e Hera tornou-se o protótipo do casamento humano, com brigas, separações e repetidas voltas, Hera se retirando na solidão durante algum tempo, mas voltando após a renovação da sua “virgindade” ao se banhar na fonte sagrada de Kanathos. Em troca da sua fidelidade Hera esperava a mesma conduta do seu cônjuge e sua decepção se manifestou na amargura, ciúme obsessivo, raiva e vingança, bem como na projeção da sua libido reprimida e manifestada pela licenciosidade de Zeus.

Sua atuação feminina era mais como esposa do que como mãe, podendo ser definida como uma “matriarca contida e reprimida em um mundo patriarcal”, sem ter tido o direito e as condições mútuas para que fosse celebrado o verdadeiro hieros gamos, o casamento sagrado e consagrado. Os mitos clássicos enaltecem apenas a virtude da fidelidade de Hera, sem mencionar seus antigos atributos de proteção, força e nutrição. A ênfase está no ciúme mórbido, na maldade cruel das vinganças, na imagem maldosa de Hera, fato atribuído à vida conjugal de Homero, perseguido e atormentado por uma esposa vil e ciumenta.  JUNO ...A equivalente romana de Hera, a deusa Juno tinha um mito semelhante, mas uma maior autoridade e relevância, por terem sido agregados ao seu culto os atributos lunares e de fertilidade da terra de uma antiga deusa mãe. Para os gregos, a união perene de Hera e Zeus simbolizava a importância da manutenção do casamento. Para os romanos o casamento, lar e família tinham uma importância conjunta maior, louvando-se também a fertilidade e a maternidade como atributos divinos. Juno Natalis era a guardiã dos partos e da maternidade, Juno Lucina conduzia a alma para a luz e Juno Pronuba protegia as mulheres casadas, o mês de junho sendo a ela dedicado como favorável aos casamentos. Acreditava-se que cada mulher possuía uma individualidade feminina sempre renovada e jovem nomeada juno, equivalente ao genius dos homens.  O asteróide Juno simboliza o princípio de relacionamento e da parceria equilibrada e harmoniosa, sendo associado com os signos de Libra e de Escorpião, definindo a aspiração para a união perfeita e os sofrimentos e complexos psicológicos oriundos da não realização. Ele descreve os jogos de poder, as manipulações, repressões, projeções, decepções, medos e conflitos encontrados nos relacionamentos desiguais e desajustados e indica as soluções para a sua transmutação e cura..

Para as mulheres que buscam resgatar os verdadeiros valores e conceitos da tradição da Deusa é imprescindível descartar a visão patriarcal de Hera como uma deusa vulnerável e dependente e A honrar como protetora e defensora, que cuida dos seus direitos, favorecendo e atraindo relacionamentos justos, leais e de honesta parceria. Precisamos transformar o arquétipo distorcido da Hera como esposa infeliz e dependente enraizado no nosso inconsciente, na cultura, literatura e ordem social vigente. Resgatar a Hera arcaica que vive em nós - simultaneamente com a sua imagem negativa mais recente – significa ver Hera como um incentivo para que amemos mais a nós mesmas, buscando nosso aprimoramento individual, cuidando dos nossos corpos, mentes, corações e limites. Devemos ter a coragem para exigir um relacionamento equitativo, harmonioso, honesto e equilibrado, vivendo com integridade, lealdade e respeito, sem nos deixar limitar ou prender por medos, co-dependências e concessões.


Pede-se à Hera a benção para um casamento sagrado, uma união alquímica que una as almas e não somente corpos, corações ou interesses, em busca da fusão com o divino amor, que tudo permeia e que existe em todos e no todo.. Fonte:http://sitioremanso.multiply.com/journal/item/82/HERA_E_JUNO_AS_PADROEIRAS_DOS_RELACIONAMENTOS   "Na Ilíada, percebemos a necessidade do macho imaturo em difamar e satirizar as mulheres poderosas e a antiga rodem social matriarcal; a necessidade de negar às mulheres seu grande poder e sua profunda relação com a vida. Em Homero, Hera então é reduzida a uma figura risível, ciumenta e vingativa, num contexto que retrata uma cultura dedicada à guerra, ao sacrifício humano e à glória. Zeus, por sua vez, encaixa-se no papel arquetípico do 'Don Juan', é a imagem do macho fálico que passa a dominar a cultura grega. Agora, Hera não passa de uma deusa conquistada e subjugada, oriunda de uma ordem mais antiga. Zeus surge de uma cultura invasora, que cultuava deuses do céu e que chegou ao Mediterrâneo vinda do norte, impondo-se sobre as culturas anteriores que ali existiam: a invasão dórica.

Num nível mais profundo, os problemas de relacionamento entre Hera e Zeus simbolizam a dificuldade em se unir as tradições Lunar e Solar na mente humana, pois devemos descobrir como elas podem coexistir e frutificar. Trata-se de dois tipos diferentes de consciência: a Solar: heróica, com sua abordagem linear, lutando pela supremacia e pela perfeição; e a Lunar: cíclica, em busca da harmonia do relacionamento, da conexão, da integração ou da síntese, da totalidade."

Para saber mais

www.ce.ufpb.br/nipam/arquivos/destaques_do_mes/hera.htm

Por aí, podemos perceber o quanto temos a aprender com Hera.  A ILIADA E SUAS ESTORIASA Ilíada é uma das versões mais conceituadas da Guerra de Tróia. Além do acontecimento principal, que nós já conhecemos, desenvolve uma série de estorinhas ao longo do enredo principal, cada uma mais fascinante do que a outra. Uma das melhores, diz que Hera adormeceu Zeus - seu marido e rei dos deuses do Olimpo - para alterar, enquanto ele dormia, o rumo da Guerra de Tróia. Acontece que o senhor do Olimpo acabara de proibir a interferência dos deuses naquele combate entre mortais. Seu decreto era claríssimo: " Que os homens lutem e decidam seu próprio destino". Hera sabia que tal ordem era endereçada principalmente a ela, conhecida inimiga dos troianos, como também sabia que Zeus vigiava, do alto do Monte Ida, o desenrolar da batalha que se travava na planície. Mas isso não a intimidou. Não iria desistir só porque ele proibiu. Ela conhecia as armas para vencê-lo.

Nua, diante do espelho, ela se preparou para outro tipo de guerra. Passou em todo o corpo um óleo sutilíssimo e perfumado, dividiu o cabelo em duas belas tranças e enfeitou as orelhas com brincos de ametista. Vestiu uma túnica levíssima e colocou nos quadris um cinto de franjas que se moviam ao caminhar. Estava pronta para o combate, mas ainda assim pediu a Afrodite a sua lendária fita do desejo (um talismã que enlouquecia qualquer homem que dele se aproximasse), amarrando-a na cintura. Assim deslumbrante ela foi apresentar-se aos olhos espantados de Zeus, que ficou enfeitiçado e arrebatado pela paixão. Ele queria fazer amor ali mesmo, mas ela, fingindo estar com vergonha, esquivava-se de seus abraços mais impetuosos, exigindo que ele cumprisse os rituais da sedução. Impaciente em convencê-la, disse que a desejava naquele instante como nunca havia desejado alguém antes. E surpreendentemente, fez uma inusitada enumeração de ninfas e mortais com as quais tinha dormido recentemente. Hera finalmente cedeu. Os dois se amaram ali mesmo, na relva, sobre um colchão de flores. Depois, Zeus pegou no sono e ela mudou o curso da guerra.  O tempo foi passando e Zeus continuava o mesmo. Um dia, cansada, Hera abandonou o Olimpo e voltou para sua terra natal, a ilha de Eubéia. Morto de saudade, Zeuas queria que ela voltasse. Como não sabia o que fazer, para reconquistá-la, foi humildemente consultar o homem mais sábio do mundo, que o aconselhou a esculpir uma imagem de mulher, vestí-la como noiva e circular por Eubéia numa carruagem matrimonial, anunciando que ia se casar com uma mulher bem mais jovem. Como era previsível, Hera, tão logo ouviu a novidade, apareceu em cena e pôs-se a rasgar as roupas da pretensa noiva. Ao perceber o estratagema, entendeu, entre orgulhosa e satisfeita, o objetivo de Zeus, e com ele reconciliou-se para sempre.

O segredo era o ciúme, esse licor venenoso que já destruiu tanta gente. Nele Zeus e Hera encontraram a força para viverem juntos. Para seduzí-la, lá no Monte Ida, ele apelou para o ciúme. Mais tarde o ciúme os separou, mas foi também pelo ciúme que Zeus a trouxe de volta. Se alguém perguntasse àquele sábio se essa é a receita para um bom casamento, ele diria sorrindo, que não existem receitas. O que é puro veneno para uns, pode ser tempero para outros.

http://paxdedeux.blogspot.com/search/label/Hera

sábado, 28 de maio de 2011

AMARRAÇÃO - UM MITO OU UMA REALIDADE ?

Eu como bruxa que sou recebo vários e-mails por semana pedindo ajuda.
Pessoas de diversas idades, classes sociais e culturais me pedindo ajuda.


"Me manda uma macumbinha aí?!

Quero ter meu namorado de volta.
Como faço para ele me procurar?"

Outras, me questionando se Bruxaria existe, se feitiço dá certo, se amarração é uma realidade.
Eu sempre digo que sim.
Oras bolas, que bruxa eu seria se falasse que não?
Em geral, as pessoas pensam que bruxas não tem problemas, não tem impostos pra pagar, tem carros de luxo e vivem de jogos de búzios, tarot ... cartomancias em geral ... Mas isso é assunto pra outro post.
Como o post de hoje é para falar de AMARRAÇÃO - UM MITO OU UMA REALIDADE ... vamos lá.
Vou postar abaixo uma resposta minha num tópico (outro post) falando disso:
"Amarração existe. Se não existisse, se não funcionasse ... nenhum outro tipo de magia/feitiço funcionaria também. Por que TODOS mexem com energia e com vontades alheias às nossas.
Você quer um emprego. Faz uma oração. Faz uma simpatia antes de ir a entrevista. Você está mexendo com energia. Está mexendo com a vontade do entrevistador. Induzindo-o. E diminuindo as possibilidades do outro candidato ser efetivado.


Não existe magia forte e magia fraca como muitos pensam.
Não é porque matou galinha, pato, bode, sapo, rã, veado, pinto, cobra e etc que a magia é mais forte. O que conta são inúmeras coisas: a energia da pessoa que faz, a energia da pessoa que pede, a energia da pessoa que reberá, a energia das entidades (nem sempre as mais fortes são as melhores), e energias diversas ...


Eu costumo comparar muito MAGIAS E FEITIÇOS (ou Trabalhos, como queiram) com a CULINÁRIA. Existem N tipos de cozinhas e culinárias. Existe bolo sem ovo, bolo sem leite, bolo sem farinha. Vai do gosto e da necessidade de cada um.
Existem ótimas cozinheiras que não sabem ler.
Existem mestres da culinária que fazem uma verdadeira alquimia.
Se conseguirmos fazer essas correlações vamos entender muitos aspectos das magias.


Mas a tal AMARRAÇÃO tem que ser bem feita. Tem que ser quase que personalizada pra você. Igualzinho remédio ortomolecular ou homeopático.
O que é remédio pra uns, é veneno pra outros.


Algumas pessoas me mandam e-mail pedindo dicas, receitas. Já dei muitas.
Contam "partes" das histórias delas.
Como você pretende amarrar um amor, marido, namorado, se você deixou o negócio explodir antes de tentar consertar? Fica mais difícil.
As vezes tem que se lutar contra anos de um mau casamento, anos de brigas, anos de traições. Anos de (supostas) amarrações de outras supostas amantes. Contra inveja, contra maldições de cunhadas, sogras, etc.
No dia a dia a gente as vezes acaba afastando a pessoa amada.
Como consertar isso em 7 dias, em 21 dias com um feitiço, trabalho?

Algumas pessoas trabalham com a energia da lua, do sol, diversas em fim ... mas a maioria segue a da Lua ...
A lua demora cerca de 28 dias para fazer todo seu ciclo. E muitas vezes temos que utilizar todos os ciclos dela.
Lembram aquela historia da Lua Minguante pra minguar. Da lua nova pra mudar. E assim sucessivamente? (Olha a dica ai).


E outra coisa. Tem que saber pedir. Será que a pessoa que faz trabalho sabe pedir. Será que ela tem interesse numa reconciliação amistosa? Ou só quer que o marido volte pra casa?
Fazer marido voltar a morar no mesmo teto é fácil. E mante-lo lá. Será que é? E faze-lo mudar? É facil? E quebrar algumas correntes já cristalizadas pelo tempo, como bebedeira, promiscuidade, acomodações me geral?
[Refletindo].


Eu acredito que amarração é uma realidade.
Mas lembrem-se ... um médico que bom pra minha tia, pode não ser tão bom assim pra mim. "
Fada das Letras

Visitem meu outro blog:
http://www.ventaniadepensamentos.blogspot.com/

sexta-feira, 27 de maio de 2011

LIVRE-ARBÍTRIO x DETERMINISMO

O livre-arbítrio é uma das questões mais polêmicas e paradoxais de todos os tempos. E para essa filosofia, o homem é livre para a prática do bem e do mal. Mas arca com as conseqüências dessa liberdade. Ao livre-arbítrio opõe-se à filosofia do determinismo, segundo a qual tudo que acontece com a natureza e o homem já está determinado por uma causa.

Ao determinismo ligam-se coisas muito importantes, como o destino e a fatalidade, que só existem enquanto expiações (carmas) e provações oriundas do nosso próprio livre-arbítrio. E há os deterministas de várias categorias: os econômicos, para os quais fatores econômicos causam todos os problemas da humanidade; para Ratzel tudo tem por causa fatores geográficos; e Freud afirmou que nós não somos responsáveis pelo que fazemos, por sermos vítimas de imposições inconscientes. Para Sto Agostinho, o homem não é realmente livre por causa do pecado original. Mas lemos na Bíblia: "A alma que pecar, essa morrerá: o filho não levará a iniqüidade do pai, nem o pai a iniqüidade do filho..." (Ezequiel 18, 20). Já Spinoza divide o homem em duas partes: a divina "natura naturans", determinante (o "superego" ou o "Eu Transcendente" de Jung, que supera o "id" de Freud, e o "ego" de Adler). A "natura naturans" tem livre-arbítrio, enquanto que a "natura naturata", existencial, determinada, não deixa o homem ser totalmente livre.
E conclui Spinoza que só seríamos totalmente livres, se fôssemos conscientes do que fazemos.


Deusa Hera

Coloco aqui um texto de um site Helenista que vem ajudar a esclarecer alguns conceitos difundidos de forma erronea entre os pagãos e simpatizantes. E mais abaixo textos coletados de fontes diversas. Mas todas citadas aqui. Vamos deixar de lado um pouco a má fama de mulherengo de Zeus e a má fama de deusa ciumenta e descontrolada de Hera.Hera, ou Juno, para os Romanos, é a Deusa com que os neo-pagãos mais tem dificuldade (ou melhor, receio) em lidar.

Não só supervisiona o casamento, que já não é tido como o maior objetivo de uma mulher, como é representada por Homero como mesquinha, ciumenta e vingativa (alguns historiadores dizem que a esposa de Homero era assim, já que esta descrição não corresponde a que as outras evidências dão). Mas esta não é, de todo, a verdadeira face da Deusa.
Hera é muito mais que a esposa ciumenta.



Hera, a força por detrás da mudança

Quem é Hera? A mulher ciumenta que castiga as amantes de Zeus e os seus filhos porque não pode punir o próprio Zeus? Esta é, de fato, a imagem que a maioria de nós, na nossa sociedade moderna, temos da Deusa, mas as provas apontam na direção de outra Deusa, uma Grande Deusa, venerada por toda a Grécia como uma igual de Zeus e uma divindade muito amada, não detestada ou temida.
Qual é a força por detrás desta Deusa que pode iluminar as sombras que corrompem a nossa imagem Dela? Será mesmo uma simples, mazinha e vingativa esposa Olímpica? Ou melhor, seria apenas isso ???

Não me parece, nem à maioria dos helenos. Para muitos estudiosos e dedicados a ela, Hera é a Deusa da mudança, do crescimento e maturidade e, como tal, dos obstáculos.

Os seus filhos e filhas operam todos como agentes de mudança:
Ares é a guerra, que representa sempre uma alteração brutal para as pessoas e nações nela envolvidas;
Hefaestus transforma a mais feia pedra na gema mais perfeita;
Ilítia trás os bebes que são sempre uma revolução gigantesca na vida de todos os que os rodeiam; Hebe, a juventude, não passa de uma mera transição para os seres mortais.  A Deusa também é acompanhada por um séquito de divindades cujo domínio inclui sempre a mudança: as Horai, as estações, o ciclo natural, a modificação da Natureza ao longo do ano; as Moiras, os Fados que impõem a mais drástica mudança, a morte; as Cárites, que dão a beleza, mas que a tiram tão facilmente como a deram.

Hera é também chamada Mãe Terra em certas peças literárias gregas e no hino Órfico é anunciada como a que dá vida. Também há evidências que tinha culto como Deusa Mãe e era a ela que as pessoas recorriam quando não conseguiam engravidar (o que é parcialmente explicado pela sua filha Ilítia). Mas como podemos entender tudo isto se a própria Hera não tem uma natureza de sustento, como Demeter, nem protetora, como Artemis, nem de sacrifício, como Gaia?Podemos percebê-lo tomando o mito do seu casamento com Zeus. Nessa ocasião Gaia ofereceu à Deusa as maçãs douradas e, encantada com a sua beleza, Hera semeou as sementes e fê-las crescer. É interessante notar que Ela não criou as maçãs, nem as alimentou, nem as protegeu, simplesmente as plantou e as fez crescer. É este, na minha opinião, o segredo do poder de Hera: a força que concede vida, que faz os seres vivos esforçarem-se para conseguirem, mas que não as ajuda para além de lhes dar o impulso inicial.

O velho ditado: Dá a rede e ensina a pescar.
Por exemplo, consideremos a criação de um bebe mamífero: Afrodite seria a força por detrás do amor e do prazer envolvido no sexo; Priapos permitiria que o macho depositasse o sémen na fêmea. Mas quem estaria por detrás da viagem dos espermatozóides? Por detrás da fecundação por si? E depois, quem estaria por detrás do crescimento? Demeter, Gaia, Leto ou Reia seriam o corpo da fêmea que sustenta o bebe. Poseidon o espírito masculino de fecundação. Mas Hera é a Deusa por detrás da fagulha da vida.  Mas o seu domínio não pára no momento da criação e expande-se para incluir o crescimento, tanto físico como psicológico. Ao longo da vida a Deusa cria obstáculos que nos ensinam algo: uma habilidade nova, uma emoção nova, um conhecimento novo… Ela desafia-nos a crescer e até se não conseguirmos ultrapassar os seus obstáculos ainda aprendemos como não fazer as coisas ou como lidar com a derrota. Provas disto são inúmeros mitos de "vingança" das amantes do seu marido e os seus filhos. (Apesar de eu achar as vezes que existe sim um misto de vingança ... basiquinha. Como qualquer mulher mortal. hehehehe)

Hércules é o exemplo disto. O seu nome significa "glória de Hera", ou "feito glorioso por Hera" e, no entanto, Hera é representada como alguém que insistia em tornar a sua vida difícil: Ela arquitetou os doze trabalhos, Ela levou-o à loucura e o fez matar a sua família, Ela discutiu abertamente com Zeus acerca dele… Ele ultrapassou todos os seus desafios e, no entanto, ele é "glória de Hera" e, mais: Ela abraçou-o quando ele se tornou Deus, tornou-O seu filho e casou-O com uma das suas filhas, Hebe.

Como é que isto encaixa se Eles se odiavam mutuamente, como o mito, aparentemente, deixa transparecer? A única explicação é que Ela o amava desde sempre e todos os obstáculos eram a sua maneira de o ensinar. E, realmente, foram os obstáculos que o fizeram crescer e chegar mais alto que qualquer outro mortal (ou semi-deus). E por aprender todas as suas lições a Deusa recompensou-o.

Outros exemplos são Tifão como um teste a Atena quando Hera diz que gostava de ter sido a mãe da Deusa mais nova, atirar Hefaestus para fora do Olimpo sendo a sua mãe, enlouquecendo Dionísio… Até a Zeus ela ensina modéstia e compaixão ao planejar contra ele e colocar desafios no seu caminho. Esta é a forma da Deusa dizer "Amo-te, preocupo-me contigo e quero que te tornes um Deus/pessoa/animal melhor".  No culto antigo isto estava concretizado nos Jogos de Hera em Olímpia, uma competição em que apenas mulheres podiam participar. Havia apenas uma corrida a pé, onde as mulheres eram organizadas de acordo com a idade e maturidade, representando a corrida o crescimento e amadurecimento das mulheres.Mas como é que o casamento, o tipo estável promovido pela Deusa, assenta nisto tudo?

Primeiro que tudo, o casamento é definitivamente uma mudança na vida e está, normalmente, associado à maturidade.

Na Grécia Antiga o casamento era da mulher, uma celebração centrada no feminino, e no casamento Zeus é referido como Zeus de Hera. A palavra esposa e mulher em grego são a mesma (tal como se usa muitas vezes em português), pelo que o casamento era considerado um passo essencial na maturidade da mulher.
Também é curioso notar que é Hera, e não Artémis, a Deusa padroeira de tudo aquilo que diz respeito às mulheres, desde os festivais, ciclos sexuais, gravidez, até prosperidade e finanças. Artémis é mais Deusa da liberdade e das crianças que da mulher e seu universo, propriamente falando.

 


No fim vemos que Hera é muito mais que a esposa ciumenta que nada faz a não ser planejar a sua vingança: ela é a Deusa do crescimento e maturidade, uma força que nos mantém em movimento, a aprender e a crescer.  Texto baseado em:

http://www.portuskale.org/temenos/temenoi/Hera.pdf