terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Para Refletir!

Acho muito interessante aquele tipo de discurso clássico quando falam que "tal pessoa tem duas caras" ou "só mostra o que quer que vejam" ou até "é uma coisa no trabalho, mas é outra coisa com os amigos". Quero que, um dia, me apresentem alguém que não cultive essas qualidades. Pois, até onde sei, todos nós, mortais, somos dotados de personas (de personare, "soar através de" ou pershu, relacionado... ao papel teatral). Todos nós somos dotados de uma natureza apolínea e dionisíaca, o problema é que nem todos sabem lidar com essas diferentes faces de uma mesma moeda.

Na jornada feiticeira aprendemos que conceitos de "bom" e "mal" não podem existir, e isso torna as coisas muito difíceis de certa forma, afinal, todo o ser humano precisa de normas, regras, limites e uma linha de parâmetros para seguir. O que acontece é que quando aprendemos, sobre nossas naturezas apolíneas e dionisíacas, esse tipo de conflito deixa de ser tão nebuloso

Apolo é o deus do sol, da música, da poesia e da beleza. O filósofo Nietzsche e o médico neurologista Freud compartilharam o conceito de que essa alegoria representaria tudo aquilo que é belo e louvável. É a natureza "externa" do ser humano, é o caráter civilizador do homem, é a pedra fundamental dos princípios e dos bons costumes. É o Belo e o Justo. Já Dionísio é por si só o deus do êxtase. É aquele que foi morto três vezes e rege o reino da bebida, do êxtase, do caos. É o senhor das bacanálias, é o impulso fundamental, é a selvageria, é o aspecto criativo da nossa mente, é o espírito desenfreado e livre. É a dissolução e a desconstrução.
E como isso se dá exatamente? Bom, é a negação dos nossos aspectos selvagens "sombra" e "destruição" que dá origem às falas belezas, das quais o mundo profano está há muito acostumado. É a superficialidade e a levianidade que faz com que todos corram, em ritmo desenfreado à beleza superficial das coisas. A bruxa e o feiticeiro conhecem essas jornadas, e bem sabem que disso nada pode prosperar. Quando o ser humano não nega sua natureza sombria, mas ao invés disso, aprende a trabalhar com ela, surge então, o verdadeiro princípio do cosmos e de um universo organizado e coerente. Logo, a bruxa e a feiticeira que trabalham a noite com a ajuda dos seus espíritos protetores, e sob uma noite, que muitas vezes não tem lua, amaldiçoa aquilo que deve ser amaldiçoado pode ser o mesmo mago durante o dia que, sábio, dá conselhos e abençoa com a melhor das intenções.
 
Todos sabemos que ninguém pode abençoar se também não sabe amaldiçoar.
 
Diannus do Nemi

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